PiTacO do PapO - 'Anon' | 2018
NOTA 10
O retorno de Clive Owen aos bons filmes
Por VinÃcius Martins @cinemarcante
À primeira vista, 'Anon’, nova produção original da Netflix, parece ser mais uma distopia como as muitas outras que vemos hoje em dia em filmes e séries de sucesso. No entanto, o mais adequado a se dizer é que o momento retratado no longa é a fotografia de uma utopia em colapso. A sociedade interage com uma tecnologia bastante evoluÃda, que permite que todas as memórias sejam registradas na mente, e o olho do indivÃduo se torne uma espécie de câmera, capturando tudo que é vivido para poder ser relembrado no futuro e/ou provar a integridade de alguém se houver algum crime. Partindo dessa premissa, o filme apresenta Sal, protagonista vivido por um Clive Owen que finalmente lembra como atuar e entrega o melhor de seus trabalhos nos últimos anos.
A trama, que já tinha um conceito excelente, é também um trabalho notável em sua linguagem audiovisual. Por se tratar de ângulos diferentes variando de acordo com a perspectiva ocular, o filme dá para cada situação um formato especÃfico. A realidade crua é exibida em widescreen, enquanto a realidade virtual, com os recursos de identificação visual e acesso à s memórias (tanto suas como as de terceiros, no caso do detetive Sal), é mostrada em formato de tela 16:9. Quando uma memória é exibida, aparece um quadro margeado dentro do 16:9 e a lembrança é mostrada. Poucos filmes tem esse cuidado em variar o tamanho da tela em sincronia com a história que é contada. Recorda-se, imediatamente, de 'O Grande Hotel Budapeste’, obra aclamada (e superestimada, em minha opinião) de Wes Anderson.
Pessoas “hackeadas” e memórias adulteradas são o caso a ser resolvido pelo detetive Sal, e em contraponto ao seu zelo pela lei está a personagem que dá nome ao filme, Anon, vivida por uma versão extremamente madura de Amanda Seyfried. A hacker Anon tem camadas e peso na tela, de modo que sua presença é um colÃrio é um incômodo ao mesmo tempo. O charme misterioso de Seyfried cria uma expectativa quanto a sua posição na trama. O decretar da culpa ou inocência de Anon depende muito da crença de Sal sobre o caso e de sua percepção quanto ao que é real ou não. E tudo isso é levado à tela com uma fotografia tão primorosa quanto a trilha sonora e os efeitos visuais tecnológicos, que interagem com a realidade nesse futuro possÃvel e aparentemente próximo.
Mais um acerto para a Netflix, mais uma obra genial, mais um ponto positivo para o maior nome do serviço de streaming; e um ponto extra por conseguir ressuscitar o ator que estava morto dentro dos últimos papéis de Owen, que foram para lá de enfadonhos. Por essas e outras, 'Anon’ merece ser assistido e fez jus ao tÃtulo de filme nota 10.
Super Vale Ver !
O retorno de Clive Owen aos bons filmes
Por VinÃcius Martins @cinemarcante
À primeira vista, 'Anon’, nova produção original da Netflix, parece ser mais uma distopia como as muitas outras que vemos hoje em dia em filmes e séries de sucesso. No entanto, o mais adequado a se dizer é que o momento retratado no longa é a fotografia de uma utopia em colapso. A sociedade interage com uma tecnologia bastante evoluÃda, que permite que todas as memórias sejam registradas na mente, e o olho do indivÃduo se torne uma espécie de câmera, capturando tudo que é vivido para poder ser relembrado no futuro e/ou provar a integridade de alguém se houver algum crime. Partindo dessa premissa, o filme apresenta Sal, protagonista vivido por um Clive Owen que finalmente lembra como atuar e entrega o melhor de seus trabalhos nos últimos anos.
A trama, que já tinha um conceito excelente, é também um trabalho notável em sua linguagem audiovisual. Por se tratar de ângulos diferentes variando de acordo com a perspectiva ocular, o filme dá para cada situação um formato especÃfico. A realidade crua é exibida em widescreen, enquanto a realidade virtual, com os recursos de identificação visual e acesso à s memórias (tanto suas como as de terceiros, no caso do detetive Sal), é mostrada em formato de tela 16:9. Quando uma memória é exibida, aparece um quadro margeado dentro do 16:9 e a lembrança é mostrada. Poucos filmes tem esse cuidado em variar o tamanho da tela em sincronia com a história que é contada. Recorda-se, imediatamente, de 'O Grande Hotel Budapeste’, obra aclamada (e superestimada, em minha opinião) de Wes Anderson.
Pessoas “hackeadas” e memórias adulteradas são o caso a ser resolvido pelo detetive Sal, e em contraponto ao seu zelo pela lei está a personagem que dá nome ao filme, Anon, vivida por uma versão extremamente madura de Amanda Seyfried. A hacker Anon tem camadas e peso na tela, de modo que sua presença é um colÃrio é um incômodo ao mesmo tempo. O charme misterioso de Seyfried cria uma expectativa quanto a sua posição na trama. O decretar da culpa ou inocência de Anon depende muito da crença de Sal sobre o caso e de sua percepção quanto ao que é real ou não. E tudo isso é levado à tela com uma fotografia tão primorosa quanto a trilha sonora e os efeitos visuais tecnológicos, que interagem com a realidade nesse futuro possÃvel e aparentemente próximo.
Mais um acerto para a Netflix, mais uma obra genial, mais um ponto positivo para o maior nome do serviço de streaming; e um ponto extra por conseguir ressuscitar o ator que estava morto dentro dos últimos papéis de Owen, que foram para lá de enfadonhos. Por essas e outras, 'Anon’ merece ser assistido e fez jus ao tÃtulo de filme nota 10.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
Andrew Niccol
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Andrew Niccol
Produção: Andrew Niccol, Daniel Baur, Daniel Bekerman, Joel Burch, Gongming Cai, Greg Denny, Julien Favre, Howard Kaplan, Patrick Newall, Sascha R. Prestel, Oda Schaefer, Oliver Simon
Música: Christophe Beck
Fotografia: Amir Mokri
Edição: Alex RodrÃguez
ELENCO
Clive Owen, Afiya Bennett, Morgan Allen, Jeffrey Men, James Tam, Amanda Seyfried, Jonathan Potts,Rachel Roberts, Toyin Ishola, Sebastian Pigott, David Storch, Billy Parrott, Amadou Kebe, Stephanie Christian, Natalie Chaves, Colm Feore, Jean-Michel Le Gal, Daniel Stolfi, Sara Mitich, Joe Pingue, Conrad Coates, Mayko Nguyen
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