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'Rheingold: O Roubo do Sucesso' : filme alemão retrata a absurda história real de um fenômeno musical | 2023

NOTA 8.0 

É o ouro que nos torna imortais

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


A arte salva. Há quem discorde, há quem duvide, mas a existência de exemplares como Xatar não deixa margem para argumentos contrários; a arte muda sim a vida das pessoas. Em 'Rheingold: O Roubo do Sucesso', que estreou na Alemanha em 2022 e chegou com um ano de atraso em terras brasileiras, vemos a jornada de erros e riscos que Giwar Hajabi traçou até se tornar o rapper Xatar e alçar o seu inacreditável sucesso musical, alcançado enquanto cumpria pena por um crime estupidamente genial dado o tamanho da cara de pau dos envolvidos.

A cinebio dirigida por Fatih Akin adota um ritmo que é, ao mesmo tempo, calmo e acelerado; calmo por escolher detalhar contextos familiares e acompanhar o crescimento linear do protagonista, e acelerado porque a ação surge em picos que alavancam a trama com tanta rispidez que levam tudo ao redor para outro patamar, fazendo a percepção dos momentos mais calmos ser refletida pelas ações ora impulsivas ora calculadas com precisão pelo protagonista. Mas o choque vem mesmo quando o público se lembra que esta é uma história real.

O termo "dar a volta por cima" ganha novos ares aqui. A vida de Xatar é mostrada desde a infância até os dias atuais, e se prova um ponto fora da curva por dialogar com honestidade sobre as guerras internacionais e as guerras urbanas, mostrando como esses ambientes modelam as pessoas e como a arte se torna um refúgio em meio ao caos e à vontade de se provar. 'Rheingold' é mais do que só um filme onde jovens fazem besteira enquanto se aventuram para atingir alguma validação social; é uma história de amor e ódio, vingança e trapaça, crime e música, mas também é uma jornada de família e aprendizado, onde o caminho certo se prova, mais uma vez, a melhor escolha.

Em dado momento, o filme sugere se inclinar para uma dinâmica criminal como as vistas em 'Os Infiltrados' (2006) e 'Conselheiro do Crime' (2013), mas isso fica apenas na sugestão; este não é um filme hollywoodiano, com um enredo absurdo e uma trama meticulosamente calculada e combinada, não - aqui a coisa desanda ladeira abaixo sem freios ou pudores, evidenciando uma identidade própria de história real até que, por fim, se apresenta como uma lição de vida atípica, mas puramente eficiente. Para um homem cujas primeiras memórias são memórias de prisão, a arte se fez um caminho de libertação. Então sim, meus queridos, sim, a arte salva.





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