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Dica do Papo : 'Orações Para Bobby' - 2009

A dica de hoje vem lá de 2009 e é de um longa que ,apesar do tema LGBT (que muitas vezes são relegados a um público pequeno) teve grande aceitação , não só na mídia em geral como também do público.  O filme estreou na TV americana em 2009, na noite anterior ao Oscar e mudou paradigmas. A história se passou nos anos 80 em Walnut Creek, Califórnia, próximo a São Francisco.


O filme é baseado em fatos reais e narra o drama de uma família e também do filho mais novo, o Bobby do título , que desiste de viver em função da rejeição por se descobrir gay,  principalmente por parte de sua mãe (papel brilhantemente interpretado  pela maravilhosa  Sigourney Weaver).Os questionamentos de Bobby a Deus, suas frases de auto rejeição baseados nos ensinamentos que recebeu, deixados em um diário, apontam claramente como a sua religiosidade em uma igreja que o condenava ao inferno e a  falta de apoio da família foram cruciais em sua decisão de acabar com a própria vida. Mais uma história que ainda hoje se repete. Estima-se que 3 mil jovens gays se matam por falta de auto aceitação nos EUA, anualmente. Triste estatística .


Eis a Sinopse :  

Mary Griffith (Sigourney Weaver) é uma devota cristã que crios seus filhos com os ensinamentos conservadores da Igreja Presbiteriana. Bobby (Ryan Kelley), um dos seus filhos, confidencia ao irmão mais velho que talvez seja gay, o que muda a vida da família inteira quando Mary descobre. Todos da família lentamente entram em acordo com a homossexualidade de Bobby, menos Mary que acredita que Deus pode curar o filho. Querendo agradá-la, ele faz tudo que a mãe o pede, mas fica cada vez mais depressivo e então decide sair de casa.



A história virou o livro "Prayers for Bobby: A Mother's Coming to Terms with the Suicide of Her Gay Son", em 1995, com diversas passagens do diário de Bobby. O filme foi lançado em DVD, nos EUA, em 2010, recebeu diversos prêmios e ainda rendeu uma indicação ao Emmy (o Oscar da tevê americana) para Sigourney.




Não vamos nos estender muito , mas em suma,  o longa deixa uma grande lição não só de aceitação,  mas de respeito pelas diferenças. Infelizmente ,  Mary Griffith aprendeu tarde demais a entender o filho, mas acabou revertendo toda essa dor em grandes benefícios e ajuda à pessoas que passam pela surpresa e a mistura de sentimentos pelos quais ela passou um dia. 


A família Griffith da vida real:  (Bobby no canto superior esquerdo)


Os pais de Bobby ainda vivem em Walnut Creek. Mary ainda participam eventualmente da PFLAG - (Pais, Família e Amigos de Lésbicas e Gays), associação que aparece no filme. Leia o depoimento feito por Mary Griffith em uma reunião do conselho o condado sobre a celebração de um dia para a liberdade gay, 8 meses após a morte de seu filho, em que ela defende a comunidade gay pela primeira vez. A passagem foi transformada em um dos momentos mais comoventes do filme :


“Homossexualidade é um pecado. Homossexuais estão condenados a passar a eternidade no inferno. Se quisessem mudar, poderiam ser curados de seus hábitos malignos. Se desviassem da tentação, poderiam ser normais de novo. Se eles ao menos tentassem e tentassem de novo em caso de falha. Isso foi o que eu disse ao meu filho, Bobby, quando descobri que ele era gay.



Quando ele me disse que era homossexual, meu mundo caiu. Eu fiz tudo que pude para curá-lo de sua doença. Há oito meses, meu filho pulou de uma ponte e se matou. Eu me arrependo amargamente de minha falta de conhecimento sobre gays e lésbicas. Percebo que tudo o que me ensinaram e disseram era odioso e desumano. Se eu tivesse investigado além do que me disseram, se eu tivesse simplesmente ouvido meu filho quando ele abriu o coração para mim... eu não estaria aqui hoje, com vocês, plenamente arrependida.

Eu acredito que Deus foi presenteado com o espírito gentil e amável do Bobby. Perante Deus, gentileza e amor é tudo. Eu não sabia que, cada vez que eu repetia condenação eterna aos gays... cada vez que eu me referia ao Bobby como doente e pervertido e perigoso às nossas crianças... sua auto-estima e seu valor próprio estavam sendo destruídos. E finalmente seu espírito se quebrou alem de qualquer conserto. Não era desejo de Deus que o Bobby debruçasse sobre o corrimão de um viaduto e pulasse diretamente no caminho de um caminhão de dezoito rodas que o matou instantaneamente. A morte do Bobby foi resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra “gay”

Ele queria ser escritor. Suas esperanças e seus sonhos não deveriam ser tomados dele, mas se foram. Há crianças como Bobby presentes nas suas reuniões. Sem que vocês saibam, elas estarão ouvindo enquanto vocês ecoam ‘amém’. E isso logo silenciará as preces delas. Suas preces para Deus por entendimento e aceitação e pelo amor de vocês. Mas o seu ódio e medo e ignorância da palavra ‘gay’ silenciarão essas preces. Então... Antes de ecoar ‘Amém’ na sua casa e no lugar de adoração, pensem. Pensem e lembrem-se. Uma criança está ouvindo.” (Mary Griffith)


*****


O  filme não foi lançado oficialmente por aqui, mas pode ser encontrado facilmente para download na internet.  Pra quem ainda não viu , deixamos essa dica , mas somente para os sensíveis. 




'Papo de Cinemateca -  Porque Cinema e Diversão é com a Gente Mesmo.'


*  Fonte de pesquisa/ créditos :  site 'Lado A' 

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