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PiTacO do PapO! 'A Viagem de Meu Pai' (Floride ) - 2016

NOTA 8.7


A velhice com suas agruras e desventuras, algumas vezes trazem problemas para todos que convivem de perto com um ente na chamada maior idade, e se ainda existe uma doença ou distúrbio em jogo, tudo tende a se agravar mais.  'A Viagem de Meu Pai', (ou 'Floride' no original) do diretor Philippe Le Guay, do ótimo 'As Mulheres do Sexto Andar' (2011),  trata desse assunto de uma maneira delicada e com muita poesia ao apresentar os dois lados da moeda: tanto para quem envelhece quanto pra quem tem que conviver com esse momento, muitas vezes complicado, promovendo o bem estar do outro mas sem perder a própria vida por isso. 

Nessa comovente história, Claude Lherminier (Jean Rochefort) tem 80 anos e já não é mais o grande industrial de antigamente. Aposentado, ele sofre com a perda de memória, e não consegue viver sem a ajuda de cuidadoras ou mesmo enfermeiras. Mesmo assim, insiste em morar sozinho, afugentando todos que tentam ajudá-lo. A filha Carole (Sandrine Kiberlain) não quer colocá-lo num asilo, mas se preocupa com as manias e obsessões do pai. Em especial, Claude não para de falar na visita da outra filha, Alice, que mora em Miami na Flórida e não vem vê-lo há quase dez anos.

Já falei isso diversas vezes mas não custa repetir: filmes franceses possuem singelezas e sutilezas poucas vezes vistas em produções de outros países, e com 'Floride' não é diferente. A direção de Le Guay  (que por sinal é especialista em relações humanas), mesmo esbarrando em um tema tão melindroso consegue lançar também mão do humor na película. É claro que por si só o tema já possui uma certa melancolia, mas mesmo assim existem momentos em que as gargalhadas serão inevitáveis e porque não dizer, providenciais. 

O toque de midas dessa deliciosa obra é se apegar aos detalhes: desde acontecimentos simples na vida de alguém 'incapaz' como amarrar um tênis ou vestir uma blusa , até se lembrar de fatos ou pessoas importantes são motivos de ótimos momentos na história. 
E não dá pra terminar essa resenha sem falar dos nossos protagonistas. É claro que o longa é de Rochefort , são várias cenas impagáveis e emocionantes , mas Kiberlain também está fantástica e é dela a tarefa mais difícil: o papel da filha que suporta todas as excentricidades e loucuras do pai e ainda precisa administrar sua vida particular. 

'A Viagem de Meu Pai', título nacional que infelizmente nem de longe traduz a beleza dessa história,  está em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês que vai até o dia 22 de junho .


Vale Ver ! 








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