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Dica do Papo! 'Orlando : A Mulher Imortal' - 1992

Nossa dica da semana, fica por conta de uma pérola perdida da década de noventa. Sim,  no ano em questão, tantos foram os sucessos eternizados que 'Orlando: A Mulher Imortal' acabou não tendo o brilho devido.  

'O Silêncio dos Inocentes', 'A Bela e a Fera',  'JFK' ,'Thelma & Louise' e outros muitos marcaram o ano de 1992 e não deram muita chance para outros bons filmes, que muitas vezes passaram despercebidos pelo grande público. Eu mesmo me incluo nesse 'pacote'.  Mas sempre é tempo de corrigir e colocar o calendário cinéfilo em dia, sem deixar de dar as devidas honras a essa grande obra do cinema mundial.


Dirigido magistralmente pela britânica Sally Potter ('Porque Choram os Homens' - 2000) , a trama que se passa à partir de 1600, acompanha a história de Orlando (Tilda Swinton), um rapaz da nobreza que é ordenado pela rainha Elizabeth para permanecer jovem eternamente. De forma milagrosa, é o que acontece. Orlando vive por séculos através da história, vivenciando diversos relacionamentos e experiências diferentes, culminando, na mais extrema delas, a mudança de sexo. Orlando, passa a ser uma mulher com desejos próprios do universo feminino, mas nunca perdendo o espírito independente adquirido enquanto homem. 


Inspirado no livro da visionária  Virgínia Woolf publicado em 1928, a história do personagem homônimo é retratada desde os seus 16 anos, no século XVI, até quando ele completa os seus 36 anos, no século XX. Pode parecer confuso, mas é isso mesmo, enquanto para Orlando se passam apenas 20 anos, se passam mais de 300 anos na história da Inglaterra, o que nos permite acompanhar as mudanças sofridas pelo país ao longo dos séculos. Talvez a autora quisesse com essa desconstrução cronológica nos fazer refletir sobre a relatividade do tempo, como ele às vezes parece passar muito rápido ou muito devagar de acordo com a situação e como nossa percepção dele é muitas vezes falha.

Acredito que poucos botavam fé em uma adaptação cinematográfica do livro escrito por Virginia Woolf. A história do homem que, após um número significativo de aventuras e de alguns séculos vividos, dorme por uma semana e acorda com o corpo de mulher parecia ser intransponível. Mas em 1992, a cineasta inglesa Sally Potter ousou e dirigiu Tilda Swinton em um dos papeis mais significativos da atriz em um filme onde foi bem feito o uso da androginia de Swinton. 


Um fator importante é a percepção de que a mudança drástica não é necessariamente física, mas a sensibilidade com que Swinton consegue dar ao seu personagem, de acordo com a sua condição. Consegue, então, dar a Orlando tudo o que o papel exige e nos proporcionar uma imersão total ao seu mundo. Poucas atrizes conseguiriam fazer o Swinton fez.  Se há méritos do cerne da obra , também há méritos na grande persona da atriz escalada para viver um papel tão rico. 

Orlando é um personagem complexo, tímido, reflexivo, romântico, rico, possuidor de uma beleza rara e de uma generosidade que beira a ingenuidade. Ele sonha em ser poeta e dedica boa parte de sua vida à construção de um poema chamado "O Carvalho". A estória é muito simples, basicamente é sobre um personagem em busca da felicidade, do amor, da fama e por fim da verdade e creio que todas as aventuras pelas quais ele passa são apenas pano de fundo para a verdadeira essência da obra, que é o desenvolvimento do personagem.





'Orlando: A Mulher Imortal' é uma ode ao papel da mulher ao longo dos anos, de uma mulher que está à frente de seu tempo e que não anda segundo imposições,  que é livre,  prova do bem e do mal e sabe da força que tem. 





'Papo de Cinemateca - Porque Cinema e Diversão é Com a Gente Mesmo'. 




  



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