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PiTacO do PapO! 'Na Vertical' - 2017

NOTA 8.5


Por Rogério Machado



'O homem é lobo do homem',... a célebre frase do filósofo inglês Thomas Hobbes sugere que o maior inimigo do homem é ele mesmo. Em 'Na Vertical' , longa que é destaque do Festival Varilux de Cinema Francês esse ano, perceberemos que essa afirmação tem pertinência com a história sob a direção de Alain Guiraudie ('Um Estranho No Lago' -2012),  e ele não economiza na linguagem para se fazer entendido.


No filme, Damien Bonnard é Leo,   um cineasta que vaga sem rumo afim de se inspirar para um roteiro que estaria escrevendo. Para isso, ele acaba indo parar na planície de Lozère (França), em busca não só de inspiração, mas também de material para filmar. Certo dia, conhece Marie (India Hair) , uma jovem pastora de ovelhas. Os dois envolvem-se, ela engravida e, meses mais tarde, têm um bebê. Contudo, Marie desenvolve uma depressão pós-parto e foge, abandonado o filho e o namorado. Apesar de se sentir um pouco perdido, Leo fica totalmente seduzido pela criança. Durante o tempo em que cuida sozinho da sua cria, ele passa a se afastar de tudo o que o levara ali. E, aos poucos, seus caminhos e suas dúvidas até com respeito a si mesmo,  começam a fazer com que ele comece a se afundar na miséria, em todos os sentidos. 

É nítido quando a mensagem deixa de ser somente indireta para ser literal, quando os lobos se fazem presente em carne e osso ameaçando a integridade de um rebanho de ovelhas. A diferença nesse caso é que não somos inofensivos e ingênuos como as pobres ovelhas e a direção de Guiraudie não poupa esforços em chocar o espectador - as vezes deixando no ar a conduta de alguns personagens e outras escancarando de vez toda maldade presente e que parecia estar abafada dentro de cada um deles. O protagonista, vivido com categoria por Bonnard, mesmo depois dos créditos subirem , continuará sendo uma incógnita para o público.

'Rester Vertical' (no original) faz uma análise quase clínica do ser humano: sua complexidade, suas mazelas,  sua inconstância diante das surpresas ou até daquilo que ele próprio cava. Diante de tantas cenas cruas (ou cruéis) e com o desenrolar de cada ato, vamos percebendo que qualquer imagem feita pra chocar o espectador não é nada comparado ao que a humanidade tem se tornado. 

Um último aviso:  o diretor francês é conhecido por não economizar em cenas de sexo (inclusive entre homens) e exibição de genitálias na tela. Sendo assim, dê o play de mente aberta para não incorrer naquela batida interrogação - será que precisava mesmo disso?  Eu, no caso, dado ao tema abordado e entendendo a proposta num todo, tenho quase certeza que sim. 







Vale Ver ! 


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