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PiTacO do PapO! 'Homem Aranha : De Volta ao Lar’ - 2017

NOTA 10


'Um balé de constrangimentos deliciosos.'


Por Vinícius Martins @cinemarcante 



Que Tom Holland é um prodígio todos já sabemos. O menino que se destacou em 2012 no belíssimo ‘O Impossível’ mostrou a que veio e ganhou um espaço midiático inegavelmente grande. Depois de participações em filmes “menores”, como 'Z - A Cidade Perdida’, 'No Coração do Mar’ e 'Esta é a Minha Vida’, o jovem retorna ao Universo Cinematográfico Marvel incorporando um dos heróis mais queridos de todos os tempos: o Homem-Aranha.

Os filmes anteriores - a trilogia de Sam Raimi e os dois da antologia de Mark Webb - tinham sua qualidade e identidade própria; porém, apesar de serem bons (alguns apenas quase bons), tais filmes não continham o espírito aventureiro e infanto juvenil dos quadrinhos, com um Peter Parker dividido entre os dilemas da adolescência, a rotina do colegial e os conflitos de ser, ao mesmo tempo, um super-herói. Em ‘De Volta ao Lar’, o diretor Jon Watts e os produtores Amy Pascal, Kevin Feige, Avi Arad e Louis D’Esposito conseguiram retornar às raízes do cabeça de teia, e ainda acrescentaram elementos até então não utilizados nas adaptações ao cinema.

A trilha sonora de Michael Giacchino é um espetáculo à parte, como sempre. O compositor, que é um dos melhores da atualidade, cria uma nova atmosfera para o herói sem ignorar por completo o tema majestoso de Danny Elfman e as trilhas sequentes de James Horner e Hans Zimmer. Pareceu até uma daquelas sessões nostalgia, com a música tema clássica do herói tocando logo na logo da Marvel, assim de cara.


A escolha do vilão, tanto de seu personagem (o Abutre, que o visionário Sam Raimi quis ter usado como vilão do tráfico ‘Homem-Aranha 3’ em 2007 mas que por pressão do estúdio não conseguiu, tendo que colocar o Venon) quanto seu ator (um ótimo Michael Keaton, em forma e caricatamente ameaçador) foi certeira. Suas motivações são bem explícitas e coerentes dentro do MCU, justificando até a presença - inicialmente - caprichosa de Robert Downey Jr. no elenco com seu sempre excêntrico Tony Stark.

Porém, já que esta é a terceira versão do personagem em quinze anos, algumas comparações são inevitáveis. Curiosamente, os estúdios (Marvel e Sony, que agiram em cumplicidade para realizar o longa) se anteciparam a isso e ousaram até tirar sarro de uma das coisas mais incômodas dos filmes anteriores (em especial os do Raimi): o lançar de teias para o nada que acaba prendendo em algum lugar invisível.

Lembro que na primeira vez que assisti ‘Homem-Aranha 2’ em 2004 (que foi o primeiro filme que vi mais de uma vez no cinema, totalizando três) me incomodou bastante o fato de que Peter, após descer Mary Jane de um guindaste após a batalha final do filme, vê equipes de resgate chegando e se joga para o nada, lançando uma teia que pega no céu.

Vejamos o que o Homem-Aranha faz na cena em questão: ele se levanta, encara todos lá embaixo e se vira para Manhattan, que está lá do outro lado do rio Hudson, longe de alcance. A sua frente há apenas água, e mesmo assim ele abre os braços e se joga, lançando sua teia no céu noturno em algum ponto fora do quadro e vai-se embora, pendurado em sabe-se lá o quê. Eu fiquei “COMO ASSIM? NINGUÉM VIU ISSO AÍ NÃO?!”. Mas esses detalhes são perdoáveis, já que ‘Homem-Aranha 2’ é um dos melhores filmes de herói já feitos.

Voltando a falar de 'De Volta ao Lar’, o enredo dá abertura para um futuro magnífico ao Homem-Aranha dentro da Marvel, e já deixa aquele gostinho agradável de quero mais. Sem querer entregar mais do que o necessário, é meu dever informar que a cena pós créditos (a segunda cena, pra ser mais exato) é a melhor cena pós créditos de todos os tempos. Portanto já deixo a dica: fique na sala e espere por ela, porque ela é épica!

Os momentos embaraçosos são um trunfo do filme. Indo desde conversas gaguejadas, a garota tida como inalcançável, passando por um “eu estava vendo pornô” e chegando até o conhecer da família da dama, a produção acerta a mão na comicidade e entrega um equilíbrio raro de se ver nos filmes de super-heróis, fazendo evidenciar as “bolas-fora” e as inseguranças da adolescência com todos os seus receios em contraste com a já estabelecida “fórmula Marvel” dos cinemas.

Os personagens coadjuvantes são maravilhosos, contendo figuras de personalidade forte, um babaca latino (assunto para ser discutido sobre as etnias dos personagens) e um nerd da cadeira que roubam a cena a todo instante. Pode parecer precoce, ainda mais com a “recente” atuação de Tobey Maguire, mas não é nenhum exagero afirmar com segurança que Tom Holland é o Homem-Aranha/Peter Parker definitivo. Agora, o longa deste ano e o de 2004 se encontram empatados sobre um mesmo pódio, ocupando o espaço mais alto dele. Finalmente, após um excelente retorno ao lar, temos um Homem-Aranha ocupando seu lugar de direito - e que entende que lançar teias para as estrelas não é garantia de que elas irão prender em algum lugar.





Super Vale Ver ! 

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