PiTacO do PapO - 'Legalize Já - Amizade Nunca Morre' (2017)
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
'Legalize já, legalize já, porque uma erva natural não pode te prejudicar...'
Bradava Marcelo D2 ainda à frente da Planet Hemp, banda que revolucionou o cenário da música pop brasileira com suas letras polêmicas e de protesto, já que o discurso vez por outra girava em torno da legalização da maconha. Apologia ou não, o fato é que a banda marcou os ano 90 e agora chega ao cinema pelas mãos dos diretores Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, através da premiére Brasil no Festival do Rio.
A cinebiografia do grupo apresenta Skunk (Ícaro Silva), um jovem músico, revoltado com a opressão e o preconceito diários sofrido pelas comunidades de baixa renda, que busca expor sua insatisfação através da música. Um dia, ao fugir da polícia, ele literalmente esbarra em Marcelo (Renato Góes), um vendedor de camisas de bandas de heavy metal. O gosto pelo mesmo estilo musical os aproxima, assim como a habilidade de Marcelo em compor letras de forte cunho social e questionador. Impulsionado por Skunk, ele adentra o universo da música e, juntos, depois de muitos perrengues e dilemas familiares, formam a banda Planet Hemp.
Depois de nove anos de produção, o último corte da direção bateu também o martelo com respeito ao título da cinebio: 'Legalize Já' foi na verdade o terceiro nome, anteriormente o filme havia ganhado outros dois : 'Anjos da Lapa' e 'Meu Tempo é Agora'. O título em questão pode passar a falsa sensação de que o filme é um novo grito à favor da legalização da maconha, mas não, o trabalho vai muito além, prega a liberdade de expressão, a libertação da opressão e do abuso de poder das autoridades, discursa contra o sistema e contra a política brasileira. O mais interessante e curioso, é que mais do que nunca, o filme se faz atual e urgente num país mergulhado em mandos e desmandos regidos pela corrupção.
O roteiro encontra o tom exato entre o drama e a comédia, não descambando para tonalidades sem vigor ou identidade: nos leva às lágrimas no drama vivido por Skunk (Ícaro Silva brilhante) que lutava na época contra o HIV e aos risos largos na cena em que a dupla, ávida pelo primeiro show, cai de paraquedas num culto evangélico - o desfecho é impagável e é um dos pontos mais altos da produção.
Não poderia finalizar esse texto sem falar da fotografia de Pedro Cardillo - um desbunde que capta toda a atmosfera da produção, sejam nas cenas noturnas ou mesmo nas sequências durante o dia. Em tons sépia, e as vezes fazendo muito uso do preto, o trabalho final tão bem acabado do projeto, se deve ao talento de Cardillo. Além da fotografia e do trabalho formidável do elenco, eu poderia aqui enumerar diversos outros atributos, mas ao invés disso prefiro deixar em off os detalhes que mais me marcaram na película, que aliás espero ver logo estreando no circuito comercial brasileiro.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
Johnny Araújo e Gustavo Bonafé
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Felipe Braga
Produção: Paulo Roberto Schmidt
Fotografia: Pedro Cardillo
ELENCO
Renato Góes, Ícaro Silva, Ernesto Alterio , Stepan Nercession, Rafael Mandelli, Marina Provenzzano
O primeiro a entrar para minha lista!!! Obrigado, querido!
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