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PiTacO do PapO - 'Aniquilação' | 2018

NOTA 7.0

O ponto neutro entre o terror e a ficção

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


'Aniquilação’ é um filme incômodo e desconfortável, mas dizer que ele é assustador soa presunçoso. Como toda a boa ficção científica, a urgência em resolver o problema enorme que surge diante da protagonista, tem ares apocalípticos, desses em que tudo se revela como sendo obra de superiores em um teor conspiratório de “fim do mundo”.

Tirando o conceito visualmente interessante dado ao filme, o enredo em nada acrescenta inovação ao gênero. Filmes como 'Guerra dos Mundos’ (2006) e 'Fim dos Tempos’ (2008), por exemplo, tem em seu roteiro a apresentação da resolução já na introdução, usando a mesma fórmula vista aqui. No filme de Spielberg, a menina sente dor por causa de uma farpa que entra em seu dedo, mas sabe que seu organismo expulsará esse corpo estranho e invasor em pouco tempo - uma indicação sobre o desfecho da invasão alienígena no terceiro ato. Na contestável obra do visionário M. Night Shyamalan, as abelhas desaparecem em vários pontos do mundo e essa informação é apresentada e enfatizada em uma aula dada pelo protagonista vivido por Mark Wahlberg, já insinuando que o patógeno que leva os indivíduos ao suicídio vem das árvores, flores e plantas. Dessa mesma forma, o que a “bolha gigante de sabão” que eles chamam no filme de Luzes é, na verdade, já fica explicado antes mesmo de aparecer.


O pecado do filme talvez esteja em usar a ciência em um filme que pedia fantasia. Ao mesmo tempo em que querem explicar todo o novo achado que vêem em sua jornada, as cientistas não conseguem afirmar com plena certeza em hora nenhuma o que é exatamente a aberração com que estão lidando. Quando o filme precisava de uma explicação, justamente na cena onde a natureza do ambiente alienígena começa a ser abordado com uma linguagem mais formal, falando sobre como o lugar influencia no DNA de tudo ao redor, ele anda pra trás e deixa um universo de coisas a entender.

Se os rumos fossem outros e a trama virasse a casaca, assumindo sua natureza fantástica e saindo da esfera do justificável, provavelmente seria um dos trabalhos mais aterradores e notáveis quanto a forma como esperamos o contato extraterrestre (chegando perto, quem sabe, de 'A Chegada’, de 2016). Mas por querer ser verídico e coerente, falta cativar. Nem os flashbacks e os dilemas da professora Lena, vivida por Natalie Portman, criam empatia, o que torna o objetivo da missão um tanto descartável.

Por conta disso, o filme se engaja em criar cenas tensas com características de obras de terror, mas não segue nem uma linha nem outra. Ele fica no meio do caminho entre ser uma boa ficção científica e um bom filme de terror, e acaba não sendo nenhum dos dois. Um filme mediano, onde seu diretor repete o feito de seu longa anterior ('Ex Machina’, 2016) ao deixar o final aberto e livre para interpretações. O filme não é um fiasco total, mas francamente, eu esperava mais.


Vale Ver ! 


DIREÇÃO

  • Alex Garland

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Alex Garland, Jeff VanderMeer
Produção: Andrew Macdonald, Allon Reich, Scott Rudin
Música: Geoff Barrow, Ben Salisbury
Fotografia: Rob Hardy
Montador:  Barney Pilling
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil

ELENCO

Jennifer Jason Leigh, Natalie Portman, Tessa Thompson, 
Benedict Wong,Sonoya Mizuno,David Gyasi,Oscar Isaac,  John Schwab, Dr. Ventress, Gina Rodriguez, Tuva Novotny

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