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PiTacO do PapO - 'Deixe a Luz do Sol Entrar' | 2018

NOTA 7.9

Por Rogério Machado


A cineasta francesa Claire Denis ('Sexta Feira à Noite' - 2002), de 71 anos, continua incansável na arte de entreter e de apresentar temáticas que fazem pensar, e no mínimo, dividir opiniões. Em 'Deixe a Luz do Sol Entrar' , (que abriu e foi premiado na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes em 2017, e que chega às salas brasileiras essa semana) , diz muito à respeito da mulher moderna: daquela que é forte, independente, consagrada na profissão, mas que sofre por insegurança através de muitos medos, o da solidão por exemplo (ou quem sabe a falta de amor) , e que, mesmo sendo senhora de si, não faz cerimônia em mostrar suas fragilidades a quem quer que seja. 


Na comédia dramática, conheceremos Isabelle, uma mãe divorciada, talentosa artista plástica de sucesso e que mora na iluminada Paris. Apesar de viver na cidade do amor, ela não tem muita sorte em seus relacionamentos, que vão e vêm como o vento, pois quase sempre ela se envolve com homens 'compromissados' ou complicados demais à ponto de não entender seu coração carente...  mesmo com tantos percalços e desilusões, ela nunca desiste de encontrar o parceiro ideal. Ela está em busca de um novo amor, mas um que seja verdadeiro e que dure pra toda vida. 

Isabelle é inconstante, de humor volátil e que se pergunta o tempo inteiro se um dia encontrará o amor de sua vida. É feminina, sexy, se impõe enquanto mulher para em seguida ceder aos caprichos de um 'amante barato' ao ser tomada pelo medo da solidão. Ela persegue o 'homem de sua vida' incansavelmente e se deixa levar por olhares, carinhos e investidas que momentos depois desaparecerão pelo temor do 'parceiro da vez', ao ver a rapidez com que Isabelle processa seus sentimentos e se expõe diante do 'alvo' -  fica fácil então, concluir que homens têm medo de intensidade. (ou seria Isabelle muito afoita e intimidadora nessas investidas?)

Mesmo com toda personalidade propositalmente tragicômica da nossa protagonista, que se vitimiza quase o tempo inteiro (e só falta  interromper o texto e começar a cantar aquela velha canção da Maria Creuza 'Ninguém me Ama, Ninguém me Quer...' ) conseguimos ver uma mulher corajosa e que ainda possui um certo domínio da situação. Juliette Binoche, veste sua personagem com tons caricatos, mas que mantém o drama na mesma medida.

É bem verdade que o filme fica comprometido pelo ritmo arrastado, porém, é impossível não ser levado pela maneira com que tanto personagem, como atriz se lançam no propósito de nos fazer entender (ainda que as atitudes dessa mulher queiram provar o contrário) que ninguém deve apoiar sua felicidade em outra pessoa, ou em ter um amor pra chamar de seu. 

Mesmo que o filme fosse um total desperdício, o que não é o caso, qualquer cinéfilo encararia como um presente a cena final numa breve participação de Gerard Depardieu, onde ele interpreta uma espécie de guru e desfia um texto maravilhoso com sua partner em cena, Binoche. A sequência não só é um banho de talento, como também uma 'moral da história' bem detalhada para aqueles que perderam a mensagem central ao longo da exibição. 


Vale Ver ! 

DIREÇÃO

  • Claire Denis

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Christine Angot, Claire Denis
Produção: Olivier Delbosc
Fotografia: Agnès Godard
Trilha Sonora: Stuart A. Staples
Estúdio: Curiosa Films
Montador: Guy Lecorne
Distribuidora: Imovision

ELENCO

Alex Descas, Bertrand Burgalat, Bruno Podalydès, Charles Pépin, Claire Tran, Gérard Depardieu, Josiane Balasko, Julien Meunier, Juliette Binoche, Laurent Grévill, Louise Loeb, Lucie Borleteau, Nicolas Duvauchelle, Paul Blain, Philippe Katerine, Sandrine Dumas, Schemci Lauth, Suzanne Osborne, Tania de Montaigne, Valeria Bruni Tedeschi, Walid Afkir, Xavier Beauvois

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