PiTacO do PapO - 'A Noiva do Deserto' | 2018
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
Paulina Garcia hoje é um dos grandes expoentes dentro do cinema latino. A atriz chilena de 57 anos tem poucos trabalhos nas telonas, mas é veterana na arte de dar vida à personagens. Dentre seus trabalhos mais recentes estão 'A Cordilheira', ainda inédito no Brasil e o inexorável 'Glória' (2013), filme que lançou o nome da atriz à patamares mais altos, dignos de sua grandeza e talento. Seu mais novo mergulho profundo, chama pelo nome de 'A Noiva do Deserto', trabalho de estreia das cineastas CecÃlia Atán e Valeria Pivato - nomes esses que também transitam há muito tempo no meio, mas que pela primeira vez encaram um desafio à frente da direção.
Na história, Paulina é Teresa, uma senhora que, ao longo de 20 anos, trabalhou sempre na mesma casa, como empregada doméstica, ajudando a criar os filhos de uma famÃlia endinheirada de Buenos Aires. Quando a famÃlia decide vender a casa, ela que já está com seus 54 anos, perde o emprego. Chamada para ajudar na preparação de um casamento em uma cidade do interior, ela inicia a viagem mas, depois de um incidente no caminho, ela vai parar num vilarejo onde acontece uma feira e lá esquece a bolsa dentro do trailer de Gringo (Claudio Rissi), um vendedor ambulante. Após reencontrá-lo, descobre que a bolsa não estava com ele, então iniciam uma jornada em busca da bolsa através das várias paradas que o vendedor teve anteriormente.
Teresa é uma mulher pela metade (pelo menos é essa a sensação) , perdeu os pais muito cedo e foi viver com um tio, e através dele foi trabalhar na casa de uns amigos e de lá nunca mais saiu, se tornando uma espécie de membro desta famÃlia. Existe uma abnegação em Teresa, como se não se desse o direito de viver e ser feliz - parece não ter tido muitas oportunidades no amor (talvez nenhuma) ou mesmo no sexo. É quando surge esse homem que se aproxima e dá novos ares à essa mulher. Essa mudança salta aos olhos no segundo ato - a insegurança que ela demonstra na primeira parte com respeito à diversos assuntos ou atitudes, já não existem mais.
Para além do discurso de empoderamento da mulher, 'A Noiva do Deserto' traduz não só de maneira literal como também alegórica, a viagem de guinada na existência de uma personagem que resolveu tomar as rédeas de sua vida, que decidiu deixar de ser coadjuvante da vida de alguém para ser protagonista da própria história. Da mesma forma que ela entrou no deserto pelas portas áridas de sua vida, haveria também de sair dele com novos sonhos e dona do próprio nariz. Sua vida agora, seria dela e de mais ninguém - haveria de existir à frente um futuro deliciosamente desconhecido.
Vale Ver !
Por Rogério Machado
Paulina Garcia hoje é um dos grandes expoentes dentro do cinema latino. A atriz chilena de 57 anos tem poucos trabalhos nas telonas, mas é veterana na arte de dar vida à personagens. Dentre seus trabalhos mais recentes estão 'A Cordilheira', ainda inédito no Brasil e o inexorável 'Glória' (2013), filme que lançou o nome da atriz à patamares mais altos, dignos de sua grandeza e talento. Seu mais novo mergulho profundo, chama pelo nome de 'A Noiva do Deserto', trabalho de estreia das cineastas CecÃlia Atán e Valeria Pivato - nomes esses que também transitam há muito tempo no meio, mas que pela primeira vez encaram um desafio à frente da direção.
Na história, Paulina é Teresa, uma senhora que, ao longo de 20 anos, trabalhou sempre na mesma casa, como empregada doméstica, ajudando a criar os filhos de uma famÃlia endinheirada de Buenos Aires. Quando a famÃlia decide vender a casa, ela que já está com seus 54 anos, perde o emprego. Chamada para ajudar na preparação de um casamento em uma cidade do interior, ela inicia a viagem mas, depois de um incidente no caminho, ela vai parar num vilarejo onde acontece uma feira e lá esquece a bolsa dentro do trailer de Gringo (Claudio Rissi), um vendedor ambulante. Após reencontrá-lo, descobre que a bolsa não estava com ele, então iniciam uma jornada em busca da bolsa através das várias paradas que o vendedor teve anteriormente.
Teresa é uma mulher pela metade (pelo menos é essa a sensação) , perdeu os pais muito cedo e foi viver com um tio, e através dele foi trabalhar na casa de uns amigos e de lá nunca mais saiu, se tornando uma espécie de membro desta famÃlia. Existe uma abnegação em Teresa, como se não se desse o direito de viver e ser feliz - parece não ter tido muitas oportunidades no amor (talvez nenhuma) ou mesmo no sexo. É quando surge esse homem que se aproxima e dá novos ares à essa mulher. Essa mudança salta aos olhos no segundo ato - a insegurança que ela demonstra na primeira parte com respeito à diversos assuntos ou atitudes, já não existem mais.
Para além do discurso de empoderamento da mulher, 'A Noiva do Deserto' traduz não só de maneira literal como também alegórica, a viagem de guinada na existência de uma personagem que resolveu tomar as rédeas de sua vida, que decidiu deixar de ser coadjuvante da vida de alguém para ser protagonista da própria história. Da mesma forma que ela entrou no deserto pelas portas áridas de sua vida, haveria também de sair dele com novos sonhos e dona do próprio nariz. Sua vida agora, seria dela e de mais ninguém - haveria de existir à frente um futuro deliciosamente desconhecido.
Vale Ver !
DIREÇÃO
- Cecilia Atán, Valeria Pivato
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Cecilia Atán, MartÃn Salinas, Valeria Pivato
Produção: Alejo Crisóstomo, Cecilia Atán, Raúl Ricardo Aragón, Valeria Pivato
Fotografia: Sergio Armstrong
Trilha Sonora: Leo Sujatovich
Estúdio: Ceibita Films, El Perro en la Luna, Haddock Films
Montador: Andrea Chignoli
Distribuidora: Imovision
ELENCO
Claudio Rissi, Paulina GarcÃa
Deixe seu Comentário: