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PiTacO do PapO - 'Pela Janela' | 2018

NOTA 8.5

Por Rogério Machado


Se existe uma grande mensagem em 'Pela Janela',  filme que passou pelos cinemas em janeiro, essa seria que:  'sempre tem um sol depois da noite sombria... é só deixar a janela aberta para ver ele entrar...' Na vida, surpresas desagradáveis acontecem aos montes, mas quem sabe a coisa certa a se fazer, talvez seja não partir pra cima do problema; talvez, quem sabe, ignorá-lo mesmo que seja por um curto espaço de tempo... mas nem por isso ser expectador da própria existência. O longa de Caroline Leone, acima de qualquer outra coisa, é um trabalho que inspira nos episódios mais corriqueiros na vida de uma mulher na maior idade.


O longa  acompanha a história de Rosália (Magali Biff), uma operária de 65 anos que dedicou sua vida ao trabalho em uma fábrica de reatores da periferia de São Paulo. Ela é demitida, e, deprimida, é consolada pelo irmão José (Cacá Amaral), que resolve levá-la junto com ele em uma viagem de carro até Buenos Aires. Na viagem, Rosália vê pela primeira vez um mundo desconhecido e distante de sua vida cotidiana, começando uma jornada que sutilmente transformará uma parte essencial dela mesma.

Não sabemos muito sobre a vida pregressa de Rosália, mas de cara já percebemos o quanto ela se dedica ao trabalho e o quão doloroso foi ser abruptamente descartada num mundo que subestima, pelo menos profissionalmente,  quem tem idade avançada - experiência e talento parecem não contar mais. A viagem com o irmão, passa a ser a grande chance dessa mulher - que sempre viveu entre o trabalho, o preparo do jantar e as roupas pra lavar - enxergar novos horizontes através de novos ares. Parece clichê falando assim, mas a grandeza para o que tento traduzir nesse texto, vem mesmo é do talento da atriz Magali Biff, que somente pelo olhar, consegue transmitir as sensações e a transformação interior pela qual sua personagem passa.

'Pela Janela' não tem este título por acaso, a metáfora de expandir o olhar para para novos conhecimentos, novos mundos, é visível. Em diversas cenas vemos esse abrir de Janela, literal ou não. No fim entendemos que sim, Rosália tinha muito a descobrir, que o aprendizado é constante, mas principalmente vemos como ela ainda tem a ensinar. Azar do ex-empregador dela. Sorte a nossa. Os diversos prêmios que o filme conquistou mundo a fora são plenamente entendíveis.


Vale Ver !

DIREÇÃO

  • Caroline Leone

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Caroline Leone
Produção: Maria Ionescu, Sara Silveira
Fotografia: Claudio Leone
Estúdio: Dezenove Som e Imagem
Montador: Caroline Leone
Distribuidora: Vitrine Filmes

ELENCO

Cacá Amaral, Magali Biff, Mayara Constantino

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