PiTacO do PapO - 'Submersão' | 2018
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
O alemão Wim Wenders , ainda em 1984, cravou de vez seu nome nas tábuas da lei da sétima arte com o inigualável e ícone do cult 'Paris, Texas'. Anos mais tarde, como que se reinventando, ele nos deu de presente dois excepcionais documentários: 'Pina' (2012) e o indicado ao Oscar 'O Sal da Terra' (2015), baseado no trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Ainda que seu novo filme, 'Submersão', ainda em cartaz, não entregue o cinema que Wenders é capaz de mostrar, conseguimos ver todo esse poder de se reinventar do mestre ao longo da narrativa.
Na trama, de um lado está Danielle (Alicia Vikander), uma bióloga marinha e exploradora do oceano que descobre um novo desafio no abismo Ártico. Do outro, James More (James McAvoy), um empreiteiro e engenheiro hídrico acusado de ser um espião, que após ser capturado, é incansavelmente interrogado e torturado por jihadistas africanos. Encarando missões de vida ou morte, os dois precisam confiar na conexão emocional que existe entre eles, mesmo através de um contato tão breve, num desses 'esbarrões' do destino.
Baseado na obra de J.M.Ledgard, o longa é uma história de amor incomum, que usa de muitas alegorias para retratá-lo: a água, o oceano, o submarino - todos representando a iminente e abrupta separação. Dani sonha em ir cada vez mais fundo, a vida é um mistério atraente a ser desvendado por ela, enquanto James anda de mãos dadas com a morte, num lugar tomado das piores mazelas da humanidade - mas sempre tendo a água como um ponto de ligação entre os dois. Dani pode conseguir avanços incontáveis na medicina através de seus estudos no estágio mais profundo do mar, já James, se torna a esperança para que a água chegue nos arredores de Nairóbi.
É bem verdade que a trama perde aos poucos sua empatia inicial, e o ritmo fica comprometido no segundo ato, mas é inegável a química dos protagonistas. Wenders desenvolve com esmero a relação desse casal e torna crível aquela união, mesmo com todos as probabilidades remando contra. A relação da água que é vida, a ciência, o amor, (e até a morte), fazem total sentido na mensagem que o cineasta se propôs a transmitir. 'Submergence' (no original), não é apenas um filme que fala de uma simples experiência amorosa, é um pouco mais que isso. Eu chamaria de uma experiência 'sensorial científica' tendo um romance como pano de fundo, mas voltado às questões que influenciam e influenciarão a vida, afim de que a humanidade seja melhor algum dia. Cinema subentende diversas leituras de uma mesma história, e a minha foi essa.
Vale Ver !
Por Rogério Machado
O alemão Wim Wenders , ainda em 1984, cravou de vez seu nome nas tábuas da lei da sétima arte com o inigualável e ícone do cult 'Paris, Texas'. Anos mais tarde, como que se reinventando, ele nos deu de presente dois excepcionais documentários: 'Pina' (2012) e o indicado ao Oscar 'O Sal da Terra' (2015), baseado no trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Ainda que seu novo filme, 'Submersão', ainda em cartaz, não entregue o cinema que Wenders é capaz de mostrar, conseguimos ver todo esse poder de se reinventar do mestre ao longo da narrativa.
Na trama, de um lado está Danielle (Alicia Vikander), uma bióloga marinha e exploradora do oceano que descobre um novo desafio no abismo Ártico. Do outro, James More (James McAvoy), um empreiteiro e engenheiro hídrico acusado de ser um espião, que após ser capturado, é incansavelmente interrogado e torturado por jihadistas africanos. Encarando missões de vida ou morte, os dois precisam confiar na conexão emocional que existe entre eles, mesmo através de um contato tão breve, num desses 'esbarrões' do destino.
Baseado na obra de J.M.Ledgard, o longa é uma história de amor incomum, que usa de muitas alegorias para retratá-lo: a água, o oceano, o submarino - todos representando a iminente e abrupta separação. Dani sonha em ir cada vez mais fundo, a vida é um mistério atraente a ser desvendado por ela, enquanto James anda de mãos dadas com a morte, num lugar tomado das piores mazelas da humanidade - mas sempre tendo a água como um ponto de ligação entre os dois. Dani pode conseguir avanços incontáveis na medicina através de seus estudos no estágio mais profundo do mar, já James, se torna a esperança para que a água chegue nos arredores de Nairóbi.
É bem verdade que a trama perde aos poucos sua empatia inicial, e o ritmo fica comprometido no segundo ato, mas é inegável a química dos protagonistas. Wenders desenvolve com esmero a relação desse casal e torna crível aquela união, mesmo com todos as probabilidades remando contra. A relação da água que é vida, a ciência, o amor, (e até a morte), fazem total sentido na mensagem que o cineasta se propôs a transmitir. 'Submergence' (no original), não é apenas um filme que fala de uma simples experiência amorosa, é um pouco mais que isso. Eu chamaria de uma experiência 'sensorial científica' tendo um romance como pano de fundo, mas voltado às questões que influenciam e influenciarão a vida, afim de que a humanidade seja melhor algum dia. Cinema subentende diversas leituras de uma mesma história, e a minha foi essa.
Vale Ver !
DIREÇÃO
- Wim Wenders
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Erin Dignam
Produção: Cameron Lamb
Fotografia: Benoît Debie
Trilha Sonora: Fernando Velázquez
Estúdio: Green Hummingbird Entertainment, Lila 9th Productions, Neue Road Movies
Montador: Toni Froschhammer
Distribuidora: Califórnia Filmes
ELENCO
Alex Hafner, Alexander Siddig, Alicia Vikander, Andrea Guasch, Audrey Quoturi, Charlotte Rampling, Clémentine Baert, Godehard Giese, Hakeemshady Mohamed, Harvey Friedman, James McAvoy, Jannik Schümann, Jean-Pierre Lorit, Jess Liaudin, Jocelyn Jones, Julien Bouanich, Loïc Corbery, Reda Kateb, Thibaut Evrard
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