PiTacO do PapO - 'Extinção' | 2018

NOTA 9.0

O instinto não extinto

Por Vinícius Martins @cinemarcante

Os filmes sobre invasão alienígena de uns anos para cá tem se conectado com uma veia de ficção-científica usando como ponte o fator do tempo. ‘No Limite do Amanhã’, em 2014, colocou a viagem no tempo como a principal ferramenta para resolver as batalhas, fazendo o protagonista vivido por Tom Cruise reviver o mesmo dia até conseguir vencer os aliens. Em ‘A Chegada’, já em 2016, o tempo aparece para bagunçar a cabeça do espectador e é exatamente a chave do enigma dado pelos visitantes. Em 2018, na nova obra original Netflix, o tempo retorna ao gênero de uma maneira diferente, propondo previsões sugestivas sobre uma vindoura invasão em um futuro próximo que será derradeira para toda a população na Terra.

Essa poderia ser mais uma dentre tantas outras produções que abordam invasões alienígenas, porém o trabalho do roteiro de Brad Kane, Spenser Cohen e Eric Heisserer (também roteirista de ‘A Chegada’) sob a direção de Ben Young se destaca devido a reviravolta explosiva que ocorre na percepção da história dentro de si própria. O ligar dos pontos entre os sonhos e as visões que o protagonista Peter (interpretado pelo sempre carismático Michael Peña) vai tendo desde o primeiro ato o obrigam a recordar tudo que já se passou em seus devaneios aparentemente disconectos, tornando o filme um jogo da memória ao mesmo tempo em que é um jogo de gato e rato.

Tudo é questionado dentro do caráter do filme, desde a sanidade de seu protagonista até as mais variadas teorias da conspiração, que acabam servindo de pano de fundo para as pinceladas que o roteiro dá enquanto se desenvolve em seu mistério. Alienígenas, humanidade, inteligência artificial, realidade, futuro e família acabam se entrelaçando nessa versão cinematográfica do dizimar da espécie humana, onde a própria espécie é colocada sob a dúvida da perspectiva entre bravura e vilania.

Encerro dizendo que recomendo esse filme inteligente, com potencial para gerar debates e fazer repensar aquilo que nos torna indivíduos.

Super Vale Ver !