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PiTacO do PapO - 'A Última Jornada' | 2018

NOTA 7.5


Por Rogério Machado




Disponível no Telecine on Demand e no Looke, 'A Última Jornada', longa do diretor e roteirista inglês Saul Dibb (dos competentes 'A Duquesa' -2008 e 'Suite Francesa' - 2014) é uma adaptação de uma montagem para o teatro escrita por R.C. Sherriff em 1928. Pode sim ser um grande risco seguir  fielmente o conceito dos palcos na tela, e isso se faz claro nesse filme histórico com um elenco competente, mas que fica com poucas oportunidades para mostrar o talento que todos nós já conhecemos. 




O filme se passa nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, onde o tenente Raleigh (Asa Butterfield) fez alguns contatos para que conseguisse se juntar na linha de frente ao seu amigo de infância, capitão Stanhope (Sam Claflin). Contudo, Stanhope fica horrorizado com a chegada de Raleigh no tenso e claustrofóbico esconderijo, onde estão antecipando um massivo avanço alemão. Com três anos de guerra, o desejo de Stanhope quando tudo acabar é voltar para os braços da amada, Margaret (Rose Reade), irmã de Raleigh.

Sim, a narrativa é ambientada em um só local: uma trincheira fétida e lotada de soldados ingleses esperando pelo próximo ataque alemão. Entre os corredores sujos e o abrigo onde eram servidas as refeições preparadas por Mason (Toby Jones),além das conversas com o oficial Osborne (Paul Bettany), habitavam angústias e delírios que só podem ser causados pela guerra. Esse pra mim é o ponto chave da produção: que busca humanizar a figura do soldado, sempre propagados como heróis ou com bravura sem limites.

Nada de tanques de guerra, trocas de tiros ou granadas sendo detonadas. O clima claustrofóbico predomina e os olhares de terror esperando pelo que virá a seguir são constantes. Tudo é motivo para diálogos dramáticos e destemperos entre Stanhope e os demais soldados, tudo é frio e cinzento e o que sobra são divagações sobre os tempos tranquilos perto da família ou sobre as aulas da faculdade. É bom dizer que a trama tem um ritmo bastante compassado, talvez seja pelo que disse ali na abertura do texto: no teatro é um recurso narrativo comum, situar a história em um único cenário para que os diálogos movimentem a jornada, no cinema pode facilmente se tornar uma armadilha. Situações que se repetem, entradas e saídas de cena e longas explanações não têm o mesmo efeito, o que limita o filme dirigido por Dibb e adaptado por Simon Reade a ser uma espécie de peça filmada, sem traduzir cinematograficamente o peso dramático que uma montagem teatral tem. 


Vale Ver !


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