Especial: Dario Argento e a Influência do Giallo Italiano
Por William Weck @filmenamente
Um dos grandes nomes do ‘Giallo’ italiano é, sem sombra de dúvidas, Dário Argento. O diretor, produtor e roteirista fez história no cinema ao embarcar no gênero literário e cinematográfico italiano do suspense/policial que teve seu auge entre as décadas de 1960 e 1980. Para quem não é familiarizado com o estilo técnico e narrativo do ‘Giallo, eu explico: os filmes do gênero seguem a mesma premissa, com um assassino em série (aparecendo apenas suas mãos vestidas com luvas pretas de couro para sua revelação no último ato), um detetive a procura do perpetrador e mortes chocantes e sangrentas.
Em termos técnicos, a câmera onipresente observa tudo de todos os ângulos mais inimagináveis possíveis, a trilha sonora arrepiante manipulando o medo de quem está assistindo, as diferentes tonalidades de cores saturadas, antinaturalista, e muitas mortes seriais e violentas.
O gênero foi tão popular em sua época que originou novos subgêneros do terror conhecidos nos dias atuais, como o slasher (assassino em série mascarado) e o splatter (violência gráfica, geralmente contendo mutilações, decapitações e muito sangue). Mas o que tem de tão especial nesse tal de Giallo? Vamos lá!
O pioneiro Mario Bava inovou os ares do terror criando um gênero nunca visto antes no cinema, o Giallo. Sua visão de idealizar uma atmosfera fantasiosa e assustadora foi a marca registrada de sua cinematografia. O cuidado ao compor os planos com diferentes tons de cores tornaram suas obras sensoriais, únicas, revolucionárias e influentes.
Dario Argento
Dessa maneira, Dario Argento bebeu da mesma fonte de seu conterrâneo e presenteou o mundo com trabalhos memoráveis. Quando citamos seu nome, muitos se lembram do clássico ‘Suspiria(1977)’, mas sua obra-prima é definitivamente ‘Prelúdio Para Matar (1975)’, este sempre lembrado nas listas dos melhores filmes de suspense da história do cinema e o melhor giallo já feito. A estréia de Argento no cinema comprovou seu talento e paixão pelo gênero com a ‘Trilogia dos Animais’. Os três filmes seguiram a narrativa convencional do giallo e colocou o cineasta a postulante dos grandes nomes do cinema do suspense italiano.
E não demorou muito para Argento conquistar o devido prestigio dentro e fora de seu país em meados da década de 70. No auge de sua carreira, o cineasta ganhou reconhecimento internacional com os excelentes ‘Prelúdio Para Matar’ e ‘Suspiria’, este influente devido a sua cinematografia semi-surreal. Após o modelo revolucionário de ‘Suspiria’, seu cinema sempre colocou os elementos técnicos acima da narrativa e atuações, tornando suas obras com uma forte identidade sobrenatural. Devido a soma de todos esses fatores dos filmes de Argento, o cinema fantástico alcançou um estilo que garante sucesso até os dias atuais.
Este aspecto de seu trabalho é marcado pela construção do clima de medo por intermédio de cores saturadas, artificiais, representadas pela dicotomia entre as cores vermelhas, azuis, verdes e outros tons primários, fortemente contrastados com fragmentos intensamente escuros. A música é outra marca registrada na cinematografia de Dario Argento. A parceria com o músico Claudio Simonetti e a banda Goblin resultou nas melhores trilhas sonoras da história do cinema, como no sombrio ‘Prelúdio Para Matar’, o sintetizador visceral em ‘Tenebre’, a ópera inerente em ‘Phenomena (1985)’ e não poderi faltar a icônica trilha de ‘Suspiria’.
Porém, infelizmente, sua carreira após ‘Terror na Ópera’(1987) foi de mal a pior somando fraquíssimas produções como, ‘Um Vulto na Escuridão’, ‘Jogador Misterioso’, ‘Giallo – Reféns do Medo’, ‘Drácula 3D’ e outros. Desde então, Argento nunca mais voltou ao auge, pairando a dúvida sobre sua próxima produção ‘The Sandman’ – será o grande retorno inventivo do diretor ou mais um fracasso ? A resposta é aguardar por 2019.
TOP 5º DARIO ARGENTO
5º - PHENOMENA (1985)
‘Phenomena' (1985), a obra mais controversa de Dario Argento. Exagerada no surrealismo, na hiper-estilização quadro a quadro de cada seqüência, e sem freios para mostrar as mortes mais violentas, sangrentas e grotescas. A condução narrativa sem pé e cabeça está mais preocupada em causar um misto de agonia e diversão ao espectador.
Seguindo as mesmas predileções de 'Suspiria', Argento continua com o cinema do horror sobrenatural - com uma jovem personagem em um país diferente, misteriosos assassinatos em série e um prólogo perturbador e repleto de violência -. Apesar da surreal história e a menina com um dom sobrenatural de comunicação telepática com insetos, a trama prende a atenção do espectador para o confronto final e a revelação do assassino.
Seguindo as mesmas predileções de 'Suspiria', Argento continua com o cinema do horror sobrenatural - com uma jovem personagem em um país diferente, misteriosos assassinatos em série e um prólogo perturbador e repleto de violência -. Apesar da surreal história e a menina com um dom sobrenatural de comunicação telepática com insetos, a trama prende a atenção do espectador para o confronto final e a revelação do assassino.
NOTA: 7,2
4º - TENEBRE (1982)
‘Tenebre’, a filmografia mais violenta da carreira de Dario Argento. O cineasta nunca poupou seu domínio ao retratar as cenas mais sangrentas e intensas possíveis em suas obras, principalmente quando o alvo é do sexo feminino.
Na trama, um escritor é perseguido por um assassino que o assedia enquanto mata todas as pessoas associadas com seu trabalho em seu último livro. Durante a projeção, as mortes vão ganhando intensidade, o grau de grafismo progride e os últimos minutos da produção são intensos, viscerais e sórdidos. Por mais que ‘Tenebre’ apresente atuações horrorosas e um roteiro com pontas soltas, as cenas das mortes permanecem em nossa cabeça.
‘Tenebre’ é uma ótima dica para aqueles fascinados por narrativas repletas de violência, bem como seu final doentio e alucinante.
NOTA: 7,3
3º - O PÁSSARO DAS PLUMAS DE CRISTAL (1970)
Dário Argento começou a sua carreira com o pé direito. Em seu primeiro longa-metragem, o cineasta provou um amplo domínio técnico aproveitando as diferentes facetas do giallo. Sem aquele roteiro complexo e inventivo, sua estréia em ‘O Pássaro Das Plumas de Cristal’ mostrara o seu cuidado especial com o gênero.
Após um escritor presenciar uma tentativa de assassinato, ele é forçado a ficar no país por ser a única testemunha sobre tal crime, e torna-se o alvo principal do assassino. Apesar de muitos consideraram a trama um terror, Argento foca no mistério/suspense e no forte clima de tensão para chegar a sua inesperada reviravolta.
Seja pela música de Ennio Morricone engrandecendo o medo e a violência, a câmera onipresente e as mortes sangrentas e violentas. ‘O Pássaro Das Plumas de Cristal’ é um ótimo pedido para quem quer conhecer o cinema de Argento.
NOTA: 8,2
2º - SUSPIRIA (1977)
‘Suspiria’, o apuro técnico invejável de Dario Argento. Seguindo a vertente por priorizar os elementos visuais e relegando a um segundo plano a narrativa, o filme denotou a qualidade e a influência do cinema fantástico do cineasta.
Com um roteiro simples e atuações fraquíssimas, o cerne de ‘Suspiria’ é a construção do clima angustiante, perverso, fantástico e sensorial. Esteticamente minucioso, Argento impacta o público pelo uso das cores saturadas e artificiais, fortemente contrastados com fragmentos intensamente escuros. O contraste entre o vermelho, azul e verde realça a realidade intrínseca daquele mundo surreal.
Com um roteiro simples e atuações fraquíssimas, o cerne de ‘Suspiria’ é a construção do clima angustiante, perverso, fantástico e sensorial. Esteticamente minucioso, Argento impacta o público pelo uso das cores saturadas e artificiais, fortemente contrastados com fragmentos intensamente escuros. O contraste entre o vermelho, azul e verde realça a realidade intrínseca daquele mundo surreal.
‘Suspiria’ revolucionou o cinema fantástico e até hoje é lembrado pelas suas características sensoriais e perceptivas. Sua influência é tão grande que até mesmo Hollywood marcou a estréia de seu remake para o dia primeiro de novembro desse ano. (assista abaixo o trailer da nova versão)
NOTA 7.8
1º - PRELÚDIO PARA MATAR (1975)
‘Prelúdio Para Matar’ é a obra mais complexa e ousada de Dario Argento. Complexa, pois diferente dos padrões dos filmes de sua autoria, aqui, os elementos visuais ficam em segundo plano enquanto a narrativa e as atuações ganham seu devido destaque. O ousado advém da genial revelação do assassino que faz o espectador rever a cena inicial (quem viu sabe muito bem dessa apreciação!), afinal o risco era iminente.
O trabalho visual também é outro fator admirável. Como o próprio título original ‘Profondo Rosso’ remete ao vermelho, Argento soube com excelência idealizar as cores fugindo do naturalismo para reforçar a dramaticidade dos personagens e das cenas. Como conseqüência, o vermelho tem um papel primordial para condução da narrativa e a qualidade de sua obra não é a mesma quando contemplada fora das salas do cinema. Assistam em Bluray e na maior tela possível!
O trabalho visual também é outro fator admirável. Como o próprio título original ‘Profondo Rosso’ remete ao vermelho, Argento soube com excelência idealizar as cores fugindo do naturalismo para reforçar a dramaticidade dos personagens e das cenas. Como conseqüência, o vermelho tem um papel primordial para condução da narrativa e a qualidade de sua obra não é a mesma quando contemplada fora das salas do cinema. Assistam em Bluray e na maior tela possível!
‘Prelúdio Para Matar’ é o melhor giallo já feito e merece figurar nas listas dos melhores filmes de suspense de todos os tempos.
NOTA: 10
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