PiTacO do PapO -'Venom' | 2018
NOTA 7.5
Não é esse monstro que estão pintando
Por Vinícius Martins @cinemarcante
A crítica “especializada” tem tomado decisões lamentáveis nos últimos anos, seguindo a tendência popular do posicionamento hatter e já condenando um filme antes mesmo do seu lançamento. Filmes como 'Avatar’ e 'Titanic’, que são mais antigos, também sofreram nas palavras de bocós que buscavam chamar a atenção na mídia fazendo um julgamento barulhento e sensacionalista em cima das poucas informações que tinham. Hoje em dia esse comportamento de pequenez se faz reverberar ainda mais com a presença da internet, e uma única fala de “detestei” dita por alguém famoso e influente já é suficiente para destruir uma produção promissora. No caso de 'Venom' (que não é um filme nem de longe tão bom como os dois de James Cameron citados há pouco), parece haver um complô contra a produção.
O filme do simbionte (parasita não!) não é detestável. É questionável, sim, mas não há razão para tanto ódio contra a produção sendo propagado na rede. Visto de fora, por quem não sabe nada sobre o personagem, o filme parece uma caricatura de 'O Máscara’ mesclado com um vilão espacial cujo andar é igual ao do personagem de Vincent D’Onofrio no primeiro ‘MIB: Homens de Preto’. Visto de dentro, por quem entende alguma coisa, vê-se que Tom Hardy e a produção se esforçaram para desvincular a imagem de Topher Grace e seu Eddie Brock e criar uma identidade narrativa diferente da vista no lamentável 'Homem-Aranha 3’, de 2007. Isso significa que o filme inova em alguma coisa? Não. Tecnicamente ele recicla várias funcionalidades de outros filmes do gênero e busca uma alça na ficção científica assim como fez o 'Quarteto Fantástico’ de Josh Trank em 2015 - e isso não significa que ele seja ruim.
No entanto, é indiscutível que o filme não seja perfeito. Ele tem falhas que exigem a ignorância do espectador, seja para aceitá-las ou para deixar passar batido, como o fato de que uma empresa do tamanho da Fundação Vida não tenha um serviço avançado de videomonitoramento para descobrir rapidamente quem infiltrou Eddie em suas instalações. Alguns personagens, como a da atriz Jenny Slate, são apresentados com peso na trama e se fazem peças centrais para o andamento dos acontecimentos. Acontece que a doutora a quem Slate dá vida tem mais importância até do que Anne Weying, (interesse amoroso de Eddie interpretado pela atriz Michelle Williams, vastamente indicada ao Oscar), mas é descartada no meio da história e esquecida em seguida.
Porém, o andamento do filme não incomoda ao ponto de parecer que o roteiro é atropelado. Não fica ao espectador a sensação de que o filme está incompleto, como fez o blockbuster ‘Liga da Justiça’ em 2017. O relacionamento entre Venom e Eddie Brock é satisfatório e rende boas risadas enquanto “o médico e o monstro” aprendem a conviver em um único corpo. A ressalva é que o vilão corporativo Carlton Drake, que encarna Riot, é um tanto medíocre tanto em sua essência quanto em seu desenvolvimento, mas o ator Riz Ahmed se empenha sem ter vergonha de entregar uma performance enfadonha.
'Venom’ é inegavelmente um produto comercial, e como produto ele cumpre sua função de entretenimento desprovido de mensagem ou até mesmo de total coerência; não que tudo tenha que ser explicado, não, mas o mínimo para a história andar - e 'Venom’ faz isso para ter sua auto-suficiência. Já que não estamos diante de um novo 'Titanic’ ou 'Avatar’, resta aceitar que este é um filme mediano e tratá-lo como tal.
PS: As duas cenas pós-créditos são ótimas. Uma apresenta um vilão maravilhoso (que não posso falar que é o Carnificina para não dar spoilers) e a outra é... Bem, só assistam e se apaixonem!
Vale Ver !
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