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PiTacO do PapO - 'Velvet Buzzsaw' | 2019

NOTA 7.5

Arte contemporânea e terror antigo

Por Karina Massud @cinemassud


Algumas vezes a fusão de gêneros que aparentemente não se misturam pode dar muito certo. “Velvet Buzzsaw” é um balaio de terror e sátira ao mundo da arte, sendo que acertou mais no quesito comédia do que no de assustar o espectador.

Passada em Miami, a trama segue o crítico de arte celebridade Morf Wanderwalt (Jake Gyllenhal),  a galerista Rhodora (René Russo) e sua assessora Josephina (Zawe Ashton), que um dia descobre pinturas geniais no apartamento de Vetril Dease, vizinho misterioso que apareceu morto no corredor do prédio. Todos então enxergam nesse acervo de telas incríveis (mas bem sinistras) uma mina de ouro, sem conhecer as forças ocultas e maldição que estão por trás delas.


O elenco é cool como pretende ser a pegada do filme. Gyllenhal está perfeito como o protagonista Morf, popstar que gosta de meninos e meninas, tem trejeitos sutis e é afiado nas observações estéticas (afinal ele vive disso). Rene Russo é a ex-punk (Velvet Buzzsaw era sua banda) que virou dona de galeria respeitada e insaciável, assim como a negociante de arte Gretchen,  vivida por Toni Collette. E por fim o sempre brilhante John Malkovich, um pintor que há anos vive um bloqueio criativo desde que parou de beber.

O terror é desenvolvido como manda o figuro: situações em que a luz acaba, a música faz crescer o suspense e finalmente o ser sobrenatural ataca em meio a efeitos especiais manjados. Há ótimas tiradas: “Sua arte era melhor quando ele bebia”. “Que caixão horroroso, que cor de laranja poluição!”; se o filme tivesse priorizado esse deboche ao invés do suspense teria sido infinitamente melhor.

Visualmente o filme é bem bonito: a fotografia em tons de branco, azul, rosa claro; e o figurino, excêntrico assim como os personagens cheios de roupas e acessórios geométricos e estampas espalhafatosas misturadas entre si, contrastando com os artistas em estilo “mendigo”. O diretor e roteirista Dan Gilroy (de “O Abutre”) retrata o mundinho da arte, marchands, artistas, galeristas e compradores ricaços como um ninho de serpentes fúteis e egocêntricas que só pensam nos holofotes e cifrões que irão para suas contas. O mundo da arte é uma ilusão criada por poucos, onde uma obra ou artista podem ser destruídos ou hiper valorizados em um piscar de olhos.

Vale Ver !

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