PiTacO do PapO - 'Homecoming: A film by Beyoncé' | 2019
NOTA 10
Por Rogério Machado
Seja você fã ou não, não dá pra negar o mega talento de Beyoncé. A mulher é um furacão no palco: seja cantando, emitindo aleatórios agudos poderosíssimos ou performando coreografias nada comuns. Seu apetite para o que se destina a fazer não tem fim, e poucas conseguem fazer o que ela faz ao vivo. 'Homecoming', produzido pela Netflix, que chegou à plataforma na semana passada, revela muito mais do que seu lado artista de ser - nele, ela se despe da vaidade, da pose de pop star e se coloca como uma mulher comum, que tem que trabalhar e cuidar da família. O doc, gravado num dos mais prestigiados festivais de música da América, marca o retorno da diva aos palcos depois de dar luz aos gêmeos Sir e Rumi.
O documentário acompanha a cantora em sua jornada criativa , desde a concepção e inspiração do show levado ao Festival Coachella em 2018, até sua intimidade após ter os filhos, e em seguida o duro processo de voltar a forma e a rotina de ensaios. Beyoncé se apresentaria no famoso festival em 2017, mas a gravidez surpresa mudou todos os planos e o espetáculo teve que ser adiado para o ano seguinte. Desde o começo havia uma grande expectativa em relação ao evento, a artista seria a primeira mulher negra a ser headliner do festival, dois anos após ela lançar o já memorável 'Lemonade', álbum visual em que ela expõe suas aflições sendo uma mulher negra, buscando em suas origens a fonte de sua força.
O conceito do show vem das fanfarras universitárias. Somando a já tradicional orquestra usada em suas apresentações, estão as caixas, bumbos, pratos e um número absurdo de metais que se tornaram imprescindíveis nas canções da diva pop. O palco é outro espetáculo à parte: evoca uma imensa arquibancada onde músicos, backing vocals e dançarinos performam. Aliado a esse conceito está a grande filosofia do show que é exaltar a homem afro-americano, e principalmente, a mulher afro-americana e seu lugar na sociedade em tudo que cada um se propõe a fazer, sem invisibilidade ou preconceito.
Também dirigido por Beyoncé, o doc-show é irretocável no que diz respeito a montagem, e claro, a edição de som. A música predomina durante as mais de duas horas de projeção, mas as inserções de áudio e imagens dos bastidores e da vida particular da cantora dão seu recado com maestria. A montagem mescla momentos das duas apresentações de Beyoncé no Festival - e é tão sutil que nem se nota a edição de imagens. Em determinado momento, ela está vestida de amarelo e, numa virada de corpo, há a troca para uma roupa rosa, tudo imperceptível.
Uma voz em off na abertura do show diz que após aquela passagem da cantora no Festival, ele não mais seria Coachella, e sim, Beychella. Dado a grandeza da produção há de se convir que essa auto-intitulação não soa nem um pouco presunçosa.
Super Vale Ver !
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