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PiTacO do PapO - 'Maria do Caritó' | 2019

NOTA 9.0

Por Rogério Machado 


'Ficar no caritó' , 'encalhada (o)', 'ficar pra titia (o)'..  Com certeza , algum de nós, alguma vez na vida, já ouvimos ou dissemos essas expressões. 'Maria do Caritó', que chega essa semana aos cinemas, aproveita esse mote em uma comédia divertidíssima que tem como grande atrativo a interpretação da sempre unânime Lília Cabral. Defendida nos palcos também pela atriz, a peça, que ficou cinco anos em cartaz, chamou a atenção pelo humor que conquista instantaneamente pela ingenuidade contida no texto de Newton Moreno, feito especialmente para ela.


Maria do Caritó (Lilia Cabral) está às vésperas de completar 50 anos e anda muito preocupada e triste. Ela vive em uma pequena cidade do Nordeste em meio a simpatias para que, enfim, consiga se casar. Prometida a São Djalminha assim que nasceu, devido a um parto difícil, ela nunca encontrou um companheiro de verdade. Entretanto, suas esperanças ressurgem com a chegada de um circo à cidade, já que uma cartomante lhe disse que seu pretendente seria um homem estrangeiro. É aí que ela conhece Anatoli (Gustavo Vaz), o galã  Russo do circo , que mexe com as estruturas da solteirona. 

O longa sob a direção do estreante João Paulo Jabur tem a seu favor o talento irrepreensível da veterana Lília Cabral, que versátil como sempre foi, convence no tom brejeiro e ingênuo dessa mulher do interior que nunca havia tido contato íntimo com um homem. É perfeitamente crível a abordagem tamanho domínio desse personagem que tem praticamente um dialeto próprio, com variáveis e alguns exageros no modo de falar. O bom 'bate bola' com a atriz Kelzy Ecard, Fininha, sua melhor amiga que está empenhada em ver Maria realizando seu sonho, também proporcionam momentos hilários, como por exemplo quando Fininha ajuda Maria com uma de suas muitas simpatias. 

Para além as ações despropositadas para arranjar um marido, o longa de Jabur não perde a chance de cutucar o antigo envolvimento e troca de benesses da igreja com o poder público, - nesse caso um Coronel muito bem defendido por Leopoldo Pacheco. Os lucros em nome da fé nessa via de mão dupla, cruzam com as promessas do pai de Maria, cujo maior sonho era ver a filha santa. No mais, uma direção de arte super bem cuidada, somados à um figurino expressivo  e uma fotografia que valoriza as cores vivas do circo, 'Maria do Caritó, ao meu modo de ver, não peca no tom do humor e muito menos por assumir, ainda que de maneira contida, uma postura política. 

A trama nos apresenta a história de uma mulher que pensava que só um homem a faria feliz, e quando enfim ela se dá conta que haviam dádivas maiores que conquistar o amor de um homem, é quando o filme tem seu ponto alto. A lição de conquista da liberdade e da auto confiança pode parecer batida, mas aqui, diante toda a trajetória da personagem, nos dão a sensação que Maria tomou o caminho certo. 


Super Vale Ver !






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