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PiTacO do PapO - 'Cadê Você, Bernadette?' | 2019

NOTA 8.5

Por Rogério Machado

O americano Richard Linklater (da trilogia do 'Antes', que se tornou uma espécie de romance cult da atualidade) tem uma carreira marcada por valorizar o lado humano das relações. É patente o interesse do cineasta por gente. Independente do ambiente narrativo, Linklater ressalta seu interesse na potência do personagem. Em 'Cadê Você, Bernadette' , que chegou nessa quinta aos cinemas, é  a vez de Cate Blanchett entrar para o hall de grandes personagens colecionados na filmografia do diretor. 


Na história, Blanchett dá vida a Bernadette do título; uma arquiteta super talentosa, mas que é extremamente anti-social. Essa mulher cheia de maneirismos, anda  sem rumo depois que deixou sua profissão para se dedicar à família. Depois de um grave incidente com Audrey (Kristen Wiig), uma indesejável vizinha, ela resolve fugir da sua zona de conforto e desaparecer misteriosamente, deixando tudo para trás. Agora, Bee, sua filha (Emma Nelson em seu papel de estreia), e Elgie, seu marido (Billy Crudup), precisam juntar todas as pistas para descobrir onde foi parar essa mulher que imaginavam conhecer tão bem, mas que se transformou em um verdadeiro ponto de interrogação.

Inspirado na obra de mesmo nome de Maria Semple, 'Cadê Você,Bernadette?' tem como fator positivo a habilidade do seu condutor para dosar bem o melodrama e a comédia. É claro que aqui ele conta com a versatilidade de uma atriz como Cate Blanchett, que inevitavelmente atrai todos os olhares para ela. Mesmo dentro de uma comédia dramática, Blanchett consegue imprimir nuances diversas à sua personagem: é multifacetada - consegue arrancar risadas em textos aparentemente inofensivos e imprimir emoção em expressões singelas, mas que ganham proporções gigantescas em sua performance, sempre muito além da média. 

A obra, que cria rápida identificação com a audiência, além da empatia com seus personagens - da protagonista até aos mais secundários - é na verdade uma crônica sobre ter que se anular para em seguida se descobrir, é sobre  dar sentido a vida para fazer sentido na vida dos outros. Linklater, que evidentemente nem sempre acerta, demonstra mais uma vez que tem o poder de despir personagens interessantíssimos diante do público e fazê-los uma espécie de amigos íntimos nosso, que não tem vergonha de ser quem é na frente da gente. 

Para um diretor que fez questão de filmar um projeto ao longo de 12 anos ('Boyhood: Da Infância à Juventude' - 2014), percebe-se o cuidado com a verosimilhança e os detalhes. E são justamente os detalhes que fazem a grande diferença nesse trabalho.


Vale Ver !



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