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'Top Gun: Maverick' endossa o legado de Tony Scott fazendo homenagem ágil e relevante | 2022

NOTA 10 

- No que você estava pensando?
- Você falou pra eu não pensar!

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

O ano era 2010, e o mês era dezembro. Os estúdios Disney faziam uma aposta arriscada ao colocar um diretor iniciante em longa-metragens para conduzir a sequência de uma ficção científica consagrada dos anos 80: desse modo, 'Tron: Uma Odisseia Eletrônica' ganhava em 'Tron: O Legado' um upgrade e tanto, levando a tecnologia atual à grade apresentada em 1982 com a promessa de um trabalho em 3D tão bom quanto o de 'Avatar' (2009), de James Cameron. O diretor desse novo 'Tron' era Joseph Kosinski, que mostraria com esse trabalho uma enorme competência e respeito com obras originais ao dirigir sequências aparentemente desnecessárias, mas que se mostrariam relevantes assim que assistidas por terem algo interessante a dizer. Foi assim com 'Tron: O Legado' e é assim agora também com 'Top Gun: Maverick', que muitos julgaram ser apenas mais um filme caça-níquel de Hollywood e que se faz, na verdade, como um dos maiores eventos cinematográficos do ano. 


Assim como o caso de 'Tron', o segundo 'Top Gun' lida com consequências e traumas causados pelo filme anterior em seus personagens centrais, colocando em questão o impacto humano em torno de eventos grandiosos; em 'Tron' uma fantasia digital e aqui um retrato do cotidiano de aviadores navais, ambos cobertos pelo almejar da inovação e do alcançar de feitos inéditos.  'Top Gun' estabelecia o espírito impetuoso de Maverick e o risco que suas insubordinações e ousadias representavam para toda a equipe, até que por fim sua astúcia se mostrou muito útil com o despontar de uma batalha real contra os temidos caças MIG-28. Ao final do filme, como todos sabemos, Maverick apresenta o interesse em treinar novos pilotos, e o segundo filme, que carrega seu nome como subtítulo, coloca o público novamente dentro da academia do programa Top Gun, mas dessa vez com uma missão determinada desde o início do filme. As conexões com o longa de 1986 são belíssimas, e os fãs do clássico ficarão animados com a influência que Goose ainda tem na vida de Maverick. Entre ressentimentos e consequências, os personagens de Cruise e Miles Teller crescem e ficam gigantes em tela, com uma conexão que se dá mais do que apenas em enfrentamentos e alfinetadas, mas em olhares e silêncios que gritam clamando por redenção e novas chances.

Se tecnicamente o filme é impecável, seu roteiro consegue a proeza de acariciar o coração até mesmo dos fãs mais duros. O elenco é brilhante em sua interpretação de estereótipos frágeis e, apesar de ser uma nova turma e Maverick assumir o papel de mentor, o brilho continua com o astro de 'Missão: Impossível'. Versatilidade é uma das palavras que melhor definem o artista que é Tom Cruise. Embora o ator dispense apresentações com a mesma intensidade que dispensa dublês para cenas de alto risco, cabe aqui enfatizar que o astro à porta da casa dos sessenta anos entra de coração exposto no projeto e se empenha em manter a mesma solenidade que se viu trinta e seis anos atrás. A familiaridade com Kosinski, o diretor, com quem trabalhou no excelente 'Oblivion' (2013), dá a Cruise mais liberdade para ir além e fazer o filme da maneira mais realista possível, colocando a si mesmo em corpo e alma na jornada que Maverick tem diante de si.

As filmagens em aviões e voos reais, assim como as manobras arriscadas feitas por Cruise, ajudam a colocar ainda mais verdade nas emoções que o filme oferece ao seu público. 'Top Gun: Maverick' é um filme que pode ser lido como uma alegoria às inevitabilidades da vida, mas particularmente prefiro vê-lo como uma evidência de amor. Antes da sessão começar, Cruise conversa com a plateia e confirma sua paixão pelo cinema enquanto arte e ambiente, e não há como discordar dele; 'Top Gun: Maverick' é uma obra a ser prestigiada na maior tela possível, uma obra feita para o cinema como templo, uma obra a ser abraçada como uma lembrança calorosa dos velhos tempos. Kosinski acertou mais uma vez. Tony Scott ficaria satisfeito. E orgulhoso também.


Super Vale Ver!



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