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'Fantasma e Cia' : comédia ironiza o desespero pela fama a todo custo nas redes sociais | 2023

NOTA 6.0

Por Karina Massud @cinemassud

Hoje em dia todo mundo parece querer fama e sucesso nas redes sociais, ter milhões de seguidores - muitas visualizações e curtidas viraram objeto de desejo de muitos. Alguns até conseguem mostrando seu trabalho (ou falta dele) mas, virar celebridade por causa de um fantasma que mora na sua casa é novidade. 

É o que acontece com os Presley, uma família falida que se muda para um casarão assombrado pelo fantasma Ernest. O espírito não tem muito talento para assustar e acaba ficando amigo do adolescente Kevin, que publica vídeos seus que viralizam nas redes sociais, transformando todos em celebridades instantâneas e também num alvo da CIA, que vem atrás dessa “ameaça”. A trama tem duas vertentes:  a primeira foca no pai da família, que passou a vida investindo em negócios ruins e vê no fantasma a chance de saírem do buraco, ele começa a explorar a fama vendendo fotos, entrevistas, camisetas e todo tipo de bugiganga; e a segunda é a trajetória de Kevin para desvendar o passado de Ernest e assim libertar sua alma.

David Harbour, astro dos anos 80 que voltou aos holofotes com a série “Stranger Things”, vive o fantasma Ernest sem o brilho que lhe é costumeiro. Há apenas duas boas sequências com ele, o restante é repetitivo e chega a ser sonolento, pois as piadas são fracas e o fato do personagem ser mudo não ajuda em nada, nem o seu passado misterioso emociona ou instiga. 

O diretor Christopher Landon (dos dois divertidos “A Morte Te Dá Parabéns”) tinha uma ótima premissa e elenco em mãos mas os desperdiçou; o drama familiar não deslancha, o conflito  entre pai e filho também não, e a questão super atual da fama rápida através de vídeos bobos é praticamente deixada de lado. A trama fica na zona cinzenta entre comédia familiar e aventura adolescente de crescimento. Mas isso importa pra Netflix? Aparentemente não, pois ela segue produzindo muitos filmes medianos e ruins e os colocando entre “os mais vistos” do seu catálogo, o que gera dinheiro para produções mais ambiciosas dos tantos diretores renomados que o serviço de streaming tem apoiado nos últimos anos, como Martin Scorsese, Guillermo Del Toro e Ryan Murphy.

“Fantasma e Cia” peca também no título nacional, mas isso não é novidade para ninguém - o ótimo título original, “Nós Temos Um Fantasma”, foi totalmente ignorado. Trata-se de um filme que tinha potencial pra ser um “Caça-Fantasmas” ou “Os Fantasmas se Divertem”, mas que entregou apenas uma trama que em breve será esquecida. 








 

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