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'A Esposa de Tchaikovsky': cinebio segue a história do conflituoso casamento de um dos grandes nomes da música clássica I 2023

NOTA 6.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

Tchaikovsky é, inegavelmente, um dos maiores nomes da música erudita em todos os tempos. Um homem cujas composições ganharam fama mundial, extrapolando os limites do território russo, já no século XIX. Sua vida pessoal, porém, é um tanto quanto obscura, com dúvidas com relação à sua sexualidade e sobre a legitimidade de seu casamento.

Nesse contexto, o diretor e roteirista Kirill Serebrennikov, em seu novo longa, opta por jogar luz não sobre a brilhante obra do famoso compositor russo, afinal todos já a conhecem. Em “A Esposa de Tchaikovsky”, como o próprio título sugere, a ideia é dar protagonismo à Antonina Miliukova, a estudante de música, que, obcecada e consumida por um amor platônico, convence Tchaikovsky a casar-se com ela. A triste verdade, que ela nega de si mesma, é que ele jamais poderia dar a ela mais do que migalhas de afeto, advindos de um relacionamento extremamente tóxico e desastroso das mais diversas maneiras.

O filme começa em São Petersburgo por volta de 1893, com a viúva Antonina (Alyona Mikhailova) participando do funeral de seu marido, e, de cara, somos tomados pelo estranhamento, quando Tchaikovsky (Odin Lund Biron), o cadáver, levanta do caixão para insultar Antonina. Um prenúncio do pesadelo que veríamos Antonina passar nas cenas seguintes, quando o filme retorna ao passado para contar como chegaram até ali.  

Embora fique claro desde o início que Tchaikovsky é gay - ele literalmente diz a Antonina que não poderia amá-la romanticamente, mas apenas "como um irmão" - ela permanece em profunda negação durante o resto do curso do filme, apesar das muitas turbulências que surgem. É sobretudo em razão dessa negação de Antonina que o filme sofre para escapar de sua repetitividade. Uma via crúcis que sabemos onde dará.

Não se pode perder de vista, entretanto, que, no terceiro ato, carregado por uma fotografia impressionante e pela bela trilha sonora, o filme cresce incrivelmente. Mas o grande destaque fica quase inteiramente para Alyona Mikhailova, que oferece uma atuação intensa e comovente como uma mulher autodestrutiva, cuja ruína, comum a tantas mulheres, foi ter escolhido a pessoa errada para dividir a vida.







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