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'Air: A História por trás do Logo' : Ben Affleck, com grande time ao seu lado, arrisca e acerta arremesso no alvo | 2023

NOTA 8.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

O case de sucesso da Nike, atrelando a sua marca ao nome de Michael Jordan já é conhecido por muitos, sobretudo aqueles já inseridos no contexto do esporte. Uma história fantástica que, apesar de bastante difundida e contada recentemente na série de sucesso da Netflix, “The Last Dance”, merecia ser trazida ao público nos detalhes. Porém, não dá para negar que é um desafio e tanto contar uma história que todos sabemos como termina. Ben Affleck, ao assumir a direção do longa, não teve medo de arriscar e esteve exatamente à altura do que o projeto requeria. Um filme sobre o mundo corporativo, extremamente inteligente e sagaz, sem deixar de ser divertido.

Óbvio que Affleck não merece os créditos sozinho. Mas certamente o seu carisma e o trabalho como produtor auxiliaram em um dos grandes acertos do longa: a escolha do elenco. Matt Damon, Jason Bateman, Viola Davis, Chris Tucker e o próprio Ben Affleck nem sequer precisam estar nos seus melhores dias para entregarem algo mais do que satisfatório.

Além do elenco, o roteiro de Alex Convery é preciso ao saber escolher o seu protagonista, aquele que nos guiará pela trama. Sonny Vaccaro, interpretado pelo sempre competente Matt Damon, é alguém com quem é fácil criar empatia. Um nerd de meia idade viciado em basquete, cujo trabalho, dentro da Nike, era o de prospectar talentos que se interessassem em calçar os tênis da empresa, algo difícil no início dos anos 1980, quando o mercado era quase que inteiramente dominado pela Adidas e, principalmente, pela Converse. Não, o All-Star clássico de cano alto que você conhece não foi criado para os roqueiros.

Diante desse cenário, pareceu sandice a sugestão de Sonny Vaccaro de apostar todo o orçamento da pequena Nike no jovem Michael Jordan. Primeiro, porque ele dificilmente aceitaria. Segundo, porque Jordan não era, antes da NBA, a unanimidade que se sabe hoje em dia. No Draft de 1984, processo de escolha de atletas vindos da universidade para a NBA, MJ foi apenas o terceiro escolhido, ficando atrás da também lenda Hakeem Olajuwon e do hoje desconhecido Sam Bowie.

Assim, o filme é substancialmente sobre como Sonny conseguiu convencer os executivos da Nike a apoiar a sua ideia e, depois, sobre como persuadiu a família de Jordan a aceitar a proposta. Quando falo aqui da família de Jordan, leia-se, Dona Deloris, a mãe da fera. Ela, interpretada por Viola Davis (uma das exigências de Jordan para o filme), é quem assume as rédeas da negociação e, com uma confiança que só as mães tem no próprio filho, fez exigências aparentemente absurdas à Nike, que, hoje, depois de aceitas, são interpretadas como jogadas de mestre.

“Air” é o raro filme de esportes que certamente é capaz de agradar tanto os fãs do jogo, quanto aqueles que nem sabem onde fica a linha de arremesso de 3 pontos. A chave aqui é o fator humano e social. O “Air Jordan” é mais que um tênis. É referência de representatividade de uma cultura de valorização de um esporte praticado por pessoas pretas. Quem não se lembra, por exemplo, do figurino idealizado por Ruth Carter para “Faça a Coisa Certa”, de Spike Lee, um grande tratado antirracista? Recorda-se dos tênis? Se não lembra, está na hora de rever.

Para fazer um grande filme, Ben Affleck nem precisou inventar a roda, longe disso. Contudo, dirige um filme que retoma um antigo princípio. Boas histórias, com bons personagens, precisam ser contadas. Basta um pouco de esmero. Isso, somente isso, já é um acerto e tanto.






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