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'O Crime é Meu' : nova comédia de época de François Ozon é obra tremendamente atual | 2023

NOTA 8.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

François Ozon, em seus 25 anos de carreira, tem se mostrado um cineasta incansável. Afinal, dirigiu 22 filmes nesse período, uma proeza quase inatingível para reles mortais. Mais difícil ainda é pensar que ele tem obras notáveis pelo caminho, mesmo seguindo a média de quase um filme por ano. Em “O Crime é Meu”, o francês, mais uma vez, capricha e não deixa o nível cair.

A trama começa com o assassinato de um famoso produtor em Paris na década de 1930. A principal suspeita é Madeleine (Nadia Tereszkiewicz), uma atriz bonita, jovem, pobre e sem talento. Ela precisará, portanto, da ajuda de sua melhor amiga e advogada, Pauline, (Rebecca Marder), para se livrar da cadeia. Uma premissa interessante que se mostra ainda melhor com roteiro tão bem escrito por Ozon.

Um texto tão atual, que, no entanto, foi desenvolvido com base na peça de teatro de Georges Bell e Louis Verneouil datada de 1934. Poderíamos supor, então, um tom excessivamente nostálgico, mas não é o que se vê. Ozon, é claro, usa todas as ferramentas disponíveis e o longa tem, sim, uma direção de arte das mais bacanas. Mas à medida que a história avança, não é tão difícil perceber que o propósito do diretor é impor uma sátira afiada e politicamente incorreta dirigida aos excessos do #Metoo.

Estamos diante de uma das propostas mais marcantes da filmografia do diretor, a qual funciona bem do início ao fim. Um roteiro consistente, com um texto ácido na medida e uma direção de arte que consegue nos mergulhar na Paris de 1935. Acima de tudo, porém, ele tem duas atrizes, Nadia Tereszkiewicz e Rebecca Marder, em estado de graça, capazes de quase ofuscar alguém do quilate de Isabelle Huppert.

Temos, portanto, um filme divertido que consegue, com a máxima eficiência, transmitir a mensagem que pretende. Uma comédia bem escrita e bem dirigida sempre é capaz de fazer esses milagres.




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