'Vermelho, Branco e Sangue Azul' : adorável comédia romântica traz o amor proibido entre personalidades de alto nível | 2023
NOTA 9.0
Por Karina Massud @cinemassud
Vez ou outra somos surpreendidos por comédias românticas que se destacam no gênero, seja por algum diferencial no roteiro, pelo carisma dos personagens, pela boa direção, ou tudo junto num combo que dá muito certo e alcança sucesso tanto de público quanto de crítica. Baseado no best-seller homônimo de Casey McQuiston, o longa “Vermelho, Branco e Sangue Azul” é um desses filmes, ele reúne tantas qualidades que o tiram da prateleira dos vários romances esquecíveis lançados a toda semana.
Na trama seguimos Alex, o filho da presidenta dos EUA, ele é absurdamente carismático, o “queridinho da América”, algo como foi o falecido John-John Kennedy. Ele tem um desafeto: Henry, o príncipe da Inglaterra, amado por todos os súditos, ele é uma versão atual e masculina da Lady Diana. Durante um casamento real eles se envolvem num acidente engraçadíssimo que pode ameaçar as relações diplomáticas entre os dois países; para controlar os danos, fica decidido que eles irão encenar uma falsa amizade, mas daí surge um sentimento inesperado.
Os protagonistas dão o brilho especial ao filme, eles são apaixonantes e tem uma química maravilhosa: lindos, altos, super bem vestidos, educados e só frequentam lugares glamurosos – são perfeitos “bons partidos” que qualquer pessoa gostaria de namorar.
Nicholas Galitzine (de “Continência do Amor”) é classudo como o príncipe encantado Henry, com gestos discretos e uma certa melancolia que esconde o dilema entre viver livremente e cumprir seus deveres reais, ainda engessados nas antiquadas regras da monarquia. Já Taylor Perez (de “A Barraca do Beijo”) vive Alex de uma forma exuberante. Ele é solto e tem uma vida pessoal mais livre de preconceitos e com todo apoio e acolhimento da família e amigos, porém ele tem suas obrigações políticas na campanha eleitoral pra reeleição de sua mãe.
Entre beijos e crises políticas, Henry e Alex dão leves alfinetadas em suas classes sociais, a realeza e o proletariado, o que provoca boas risadas e não pesa, pois o foco da narrativa não é a crítica social. Os momentos entre eles fluem como se já se conhecessem há décadas, tamanha a sintonia que existe. Os diálogos são inteligentes e afinados, assim como os embates em busca de uma solução pra vida deles, a aceitação do romance pela família real e a reeleição da presidenta.
A direção é de Matthew López, que estreia em longas mas já vem de vasta experiencia na dramaturgia. Ele captura com perfeição a tensão sexual, o amor e uma certa ingenuidade presente na inexperiência do casal. Os olhares cúmplices, os gestos sutis e o close nos sorrisos perfeitos são excitantes na medida. A diversidade social impera, e a história dá voz a um protagonista latino, filho da primeira mulher a assumir a presidência dos EUA (a maravilhosa Uma Thurman), casada com um imigrante mexicano (vivido com excelência por Cliffton Collins Jr.).
Toda fórmula está presente na narrativa do jeitinho que a gente ama: desafetos que nutrem um ranço que vira paixão, empecilhos familiares, coadjuvantes incríveis e mentirinhas que vêm à tona pra separar o casal até o grand finale. Elementos com uma abordagem moderna, mas sem deixar de lado o romance tradicional e o sonho da alma gêmea perseguido por todos. "Vermelho, Branco e Sangue Azul" é uma produção que emociona e arrebata com seu charme e glamour natural. Muitas vezes tudo o que queremos, e precisamos, são de velhos clichês bem trabalhados, e isso o projeto tem de sobra.
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