Festival de Cinema de Vitória : 'A Cozinha' | 2022
NOTA 8.0
Johnny Massaro faz do constrangimento um protagonista em trabalho memorável e intenso
Por Vinícius Martins @tesouronacional
"Você não pode fugir de você". De todas as linhas de diálogo do roteiro escrito por Felipe Haiut, essa foi a fala que permaneceu reverberando em minha mente durante os quase sessenta minutos de 'A Cozinha' que a sucederam. Estabelecendo tal premissa de uma forma invólucra, o diretor Johnny Massaro pega essas palavras e faz delas o carro-chefe de uma sinfonia de desconfortos e desarranjos que cresce gradualmente e culmina em uma catarse aflita e incômoda, atingindo com exatidão o ápice daquilo que o filme se propõe a ser: uma odisseia de desencantos.
O filme também é bastante competente em suas categorias técnicas, e a palavra que talvez melhor defina essa produção seja simplicidade - mas veja bem, não vá confundir simplicidade com facilidade. Fazer cinema é complicado, e podemos dizer que, para um primeiro filme, o diretor estreante se saiu muito bem. Massaro reinventou a roda? Não, e nem precisava - nem tampouco se propunha a isso. O filme é redondinho, dinâmico e eficiente naquilo que intenciona mostrar, e mesmo sem nenhum elemento extraordinário em sua direção, Massaro conseguiu entregar com louvores um trabalho memorável e intenso, que não precisa explicitar a nudez para ser sensual e nem carece de grandes explicações sobre o antes e o depois, porque tudo se resume ao momento. E o momento, meus queridos, é voltar a dançar as músicas do Latino.
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