'OldBoy ': o thriller que levou a Coreia do Sul para o centro das grandes produções ocidentais | 2003
NOTA 10
Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica
Atualmente, as produções sul-coreanas desfrutam de um amplo reconhecimento entre o público ocidental. Seja pelo fenômeno que foi "Parasita" nas premiações de 2019 ou, mais recentemente, pelo sucesso estrondoso de "Round 6", uma das séries mais vistas na história da Netflix. A Coreia do Sul nunca experimentou tanta visibilidade no Ocidente como agora, especialmente devido à acessibilidade que essas obras têm junto ao grande público. Porém, para tudo há um ponto de partida e na indústria cinematográfica, não é exagero afirmar que "OldBoy" representou o marco zero em termos de popularidade.
A trama tem início quando Dae-Su (Choi Min-sik) é sequestrado e mantido em cativeiro por 15 anos, confinado a um quarto de hotel, completamente isolado do mundo exterior. Sua libertação repentina dá início a uma obsessiva busca por vingança.
O longa, em sua essência, gira em torno do tema vingança, o que, até certo ponto, pode parecer um caminho narrativo convencional. Isso se torna evidente tanto na sinopse quanto nos primeiros minutos da trama. Um dos aspectos menos discutidos, no entanto, mais notáveis, é a habilidade do diretor em transitar entre diversos gêneros, que vão desde o suspense e o drama até a ação. No entanto, o mais surpreendente é a inserção da comédia. O tom tragicômico, que emerge em meio a cenas viscerais, como o protagonista consumindo um polvo vivo ou enfrentando um grupo enorme de oponentes em um corredor com apenas um martelo em mãos, se tornaram as mais icônicas e chegaram a viralizar nas redes sociais anos depois. É notável como, mesmo diante de situações absurdas, somos levados a esboçar um sorriso, mesmo que discreto. Isso é um reflexo da nossa capacidade humana de encontrar humor até mesmo nas situações mais difíceis. Park Chan-Wook compreende isso perfeitamente e essa capacidade de mesclar humor com a violência pelo qual o “OldBoy” é lembrado, impressiona. Outro mérito está na composição dos personagens, em especial o trio principal, que não se reduzem em meros estereótipos ou arquétipos de mocinhos e bandidos. São representações complexas de ambiguidade moral e, portanto, o diretor evita qualquer julgamento sobre suas ações, não importando a natureza delas.
Destaque no Festival de Cannes em 2004, quando conquistou o Grande Prêmio do Júri, "OldBoy" marca o segundo capítulo da renomada Trilogia da Vingança de Park Chan-Wook. Agora, após uma cuidadosa restauração, essa obra-prima retorna às telonas, proporcionando ao público da nova geração a oportunidade de revisitá-lo e, por que não dizer, reverenciá-lo. Afinal, "OldBoy" indiscutivelmente deixou sua marca na história do cinema, e o impacto que teve na cultura coreana é inegável, redefinindo o panorama cinematográfico do país.
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