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Festival do Rio : 'O Meu Sangue Ferve Por Você' | 2023

Filme retrata história de amor entre Sidney Magal e sua eterna namorada Magali West

Por Rogério Machado 


Se tem um artista brasileiro que desde sempre foi único, esse artista foi Sidney Magal. O chamado 'amante latino' não tinha concorrentes. Sua digital singular tanto na música quanto na marcante  e sensual dança, sequer conseguiu ser imitada por ninguém. Ninguém mais ousou ir tão longe, até porque carisma e talento para encarar uma persona assim não alcança a qualquer um. Depois de estrear no início do ano 'Me Chama Que Eu Vou', um doc sobre sua trajetória, é a hora e a vez de Magal ganhar uma espécie de filme celebração sobre o grande amor de sua vida.


'O Meu Sangue Ferve Por Você' , sob a direção do paulista Paulo Machline ('O Filho Eterno' - 2016), conta a trajetória do homem por trás desse ídolo, através de uma história de paixão à primeira vista pela baiana Magali West, iniciada em 1982, numa troca de olhares em um concurso de beleza em Salvador, entre Magal (Filipe Bragança), que na ocasião já estava no topo das paradas, e uma bela Magali (Giovana Cordeiro), que era criada com algum rigor pela mãe, Graça (Emanuelle Araújo). Encontros e desencontros, um quase casamento que não acontece, a diferença de idade e uma família preocupada com as intenções reais do cantor que culminaram em um pedido de casamento inusitado e emocionante, estão entre os percalços dessa história de amor que já dura 33 anos.

O primeiro grande acerto do projeto é a roupagem musical que o longa recebe. Sem ser exatamente um musical, mas ao mesmo tempo bebendo dessas fontes, o filme tem algumas intervenções musicais (com músicas do próprio Magal, além de Roberto Carlos e Orlando Silva) que são o pulo do gato, tanto porque estabelecem conexões com o roteiro e a trajetória dos personagens em cena, quanto pelas versões adotadas, que modernizam os clássicos sem descaracterizá-los.  Essas liberdades criativas são o que o filme tem de melhor. 

A relação de Magal com seu empresário abusivo, Jean Pierre, (que não sabemos se é romanceada ou não, já que ambos, o personagem vivido brilhantemente por Caco Ciocler e Roberto Livi, o homem que lançou Magal, são argentinos) é amplamente explorada e culmina em uma sequência incrível com Ciocler, que sinceramente, mesmo sabendo do talento do ator, me surpreendeu. Aliás, o time escalado é deveras entrosado e nos conecta ainda mais com a trama, seja no drama ou nas sequências de humor. E não poderia terminar sem falar do talento de Bragança em encarnar a porção cigana do cantor, em uma performance magnética e sensualíssima. 

'O Meu Sangue Ferve Por Você' está na Première Brasil: Hors Concours Longa-Metragem no Festival do Rio e ainda será destaque na Mostra SP, que acontece nos próximos dias. 










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