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Festival do Rio: 'Mussum: O Filmis' | 2023

Cinebio é bela homenagem ao humorista com incrível atuação de Ailton Graça 

Por Rogério Machado 


Quem viveu os 70 e 80 sabe da importância d´Os Trapalhões para a cultura pop no cenário nacional. O programa que durou quase 20 anos (a estreia foi no ano do meu nascimento, em 1974), revelou para a grande massa nomes como o de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o querido Mussum, que já tinha uma história muito bem sucedida dentro do samba. 'Mussum, O Filmis', depois de vencer o prêmio de Melhor Filme e levar outros cinco Kikitos pra casa e ainda uma menção honrosa pela atuação de Ailton Graça, chegou com o hype alto no Festival do Rio. Devo dizer que todas as láureas fazem - e farão no futuro - jus ao filme de Silvio Guindane.  


'Mussum, o Filmis' nos conta a história de vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes, popularmente apelidado de Mussum (Ailton Graça). Tendo crescido como um garoto pobre, filho de Malvina (vivida aqui por Cacau Protásio e Neusa Borges), uma empregada doméstica analfabeta. Ele chegou a seguir até carreira militar, mas ficou conhecido por ter se tornado um dos maiores humoristas do Brasil. Fundador do grupo Os Originais do Samba, ele encontrou seu caminho para a fama na televisão após se unir ao famoso quarteto Os Trapalhões, formado por - além dele - Renato Aragão (Gero Camilo), Dedé Santana (Felipe Rocha) e Zacarias (Gustavo Nader). 

É importante dizer que o que separa o longa de uma comédia qualquer vai  muito além do formato e  da estética, é também a busca pela fidelidade aos fatos e a  linha temporal que Guindane nos propõe, com tantas histórias que perpassam a história de Mussum, como a criação da Escolinha do Professor Raimundo, defendido por um impecável e assustadoramente semelhante a Chico Anysio, Vanderlei Bernardino, ou ainda diversos ícones da música como uma  impressionante Larissa Luz e sua personificação da cantora Elza Soares no número musical Devagar com a louça , samba que, no filme, exemplifica a conexão de Elza com o balanço do conjunto Os 7 Modernos do Samba, integrado por Carlinhos Reco-Reco (apelido que ele ganhou antes de Mussum). Foi a partir de dissidência de Os 7 Modernos do Samba que surgiu, em 1965, o grupo que deu fama ao então já conceituado percussionista, Os Originais do Samba.

Com uma produção bem cuidada e direção de arte impecável, a estreia na direção de Silvio Guindane é impressionantemente cirúrgica, mesmo abrangendo toda a vida de Mussum; desde as tocantes interações entre Cacau Protásio e Thawan Lucas (Antônio Carlos na infância) até a fase adulta na performance irrepreensível de Ailton Graça. A sensibilidade de Guindane em suas escolhas que nos fazem rir e chorar ao mesmo tempo, é a melhor definição do que um dia eu conheci como 'dramédia'. 'Mussum, O Filmis' é sobre a história desse incrível artista (que inclusive desmistifica algumas inverdades acerca de sua morte) mas também é sobre a cultura e a música de um país onde aos mesmos negros que constroem a nossa memória são aqueles discriminados e invisibilizados. 

'Mussum, O Filmis' é potentis, é engraçadis  e mexe com a memória afetivis de pelo menos duas geraçãozis nas quase duas horas de projeção.







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