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Dica do Papo! “O Que Terá Acontecido a Baby Jane ?” - 1962

A dica 'Old But Gold' dessa semana tem peso de inúmeros quilates, pois se trata de um dos melhores filmes produzidos na década de 1960. 'O Que Terá Acontecido a Baby Jane ?' é um thriller psicológico que até hoje perturba e intriga: fruto da grande direção de Robert Aldrich,  o filme deixou de ser só mais um filme , para se transformar no maior embate de grandes estrelas que o cinema já viu, dentro e fora das telas. 

'O Que Terá Acontecido a Baby Jane?' é um dos filmes mais conhecidos da filmografia de Aldrich. Nele, o cineasta combina o assustador, o grotesco, o humor negro, o melodrama e o suspense de forma magistral, realçando o pathos e a violência presentes na relação tortuosa de duas irmãs, alimentada pela inveja, pela dependência e pela mágoa. 





Eis a Sinopse :  


Na história Bette Davis é Baby Jane Hudson, antiga estrela mirim de vaudeville que, ao crescer, tem que lidar com o declínio de sua carreira e o consequente ostracismo. Joan Crawford, por sua vez, dá vida a Blanche Hudson. Blanche, ao contrário da irmã Jane, era um patinho feio quando criança e sofria com o menosprezo da mãe e da irmã famosa. Depois de crescida, a moça deu a volta por cima e se tornou uma estrela de Hollywood. Após um misterioso acidente de carro, Blanche fica paralítica e se afasta do show business, permanecendo sob os “cuidados” de Jane, cada vez mais desequilibrada.


As duas vivem uma interminável disputa (que só veio a piorar depois do acidente, já que Jane foi considerada suspeita). Enquanto Blanche não apresenta boas condições físicas, Jane é alcoólatra e mentalmente instável. Baby Jane se transformou em uma figura grotesca que vive em uma realidade paralela, distorcida – li em um artigo que a personalidade de Jane indica a possibilidade de ela ter sido abusada sexualmente quando criança, talvez e provavelmente, pelo pai.



A trama inicia-se em 1917 e o diretor nos situa sobre o clima de disputa entre as duas que desde muito jovens sentem inveja uma da outra. A pequena Baby Jane Hudson se apresenta em um teatro lotado onde, perto dali vendem suas bonecas. Enquanto isso, observando os bastidores, Blanche sofre pela desatenção do pai e garante que um dia se vingará da irmã. Depois, em 1935, acompanhamos a decadência de Jane que só consegue papéis em filmes por causa de Blanche, que se tornou uma atriz de sucesso.


A abertura (que é genial) ilustra o acidente e nos contextualiza sobre a tragédia que se abateu sobre Blanche, que ficou paralítica. Já em 1962, temos  um retrato dos efeitos do tempo sobre as duas: enquanto Blanche vive enclausurada em seu quarto e é impedida de receber o carinho dos fãs, Jane está cansada de cuidar da irmã e aproveita-se do seu dinheiro para tentar voltar a fazer sucesso.  Jane comete várias barbaridades com Blanche (em uma famosa cena, por exemplo, lhe serve ratazana no jantar). A ação se torna completa com quatro importantes coadjuvantes: Elvira (Maidie Norman, a empregada), Edwin (Victor Buono, o pianista), Mrs Bates (Anna Lee, a vizinha) e Barbara (a filha da vizinha – na vida real, filha da Bette Davis).

O sucesso do filme não se deu apenas pela famosa briga entre as protagonistas, há aspectos técnicos que merecem atenção e que muitas vezes passam despercebidos. Aldrich priorizou o universo feminino, os poucos homens que aparecem em tela possuem um papel secundário. A histeria das mulheres é explorada já nas cenas iniciais quando Baby Jane implora por um sorvete e Blanche se nega a aceitá-lo (o pai não possui voz ativa e cede aos desejos da filha mais nova). Já em 1962 o pianista é um agente passivo diante das decisões da mãe que o obriga a trabalhar com Jane e o convence a tentar tirar proveito dela.
Várias histórias giram em torno dos bastidores do filme. Dizem, por exemplo, que Bette Davis pediu para que fosse instalada uma máquina de Coca-Cola no set, para provocar Crawford que fazia, na época, parte do conselho de diretores da concorrente Pepsi. Outra anedota, talvez um pouco fantasiosa, diz que durante uma das cenas de violência, Davis chuta Crawford na cabeça, o que resultou em um ferimento que necessitou de pontos. Em retaliação, Crawford teria colocado pesos em seus bolsos para dificultar a vida de Davis na cena que esta fosse arrastá-la pelo chão.
Julie Allred e Bette Davis nos bastidores das filmagens. 
Bette Davis foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo seu trabalho em O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, enquanto Joan Crawford foi esnobada pela premiação. Obviamente, Crawford não ficou nada feliz com isso, ainda mais porque Davis tinha a chance de se tornar a atriz mais premiada da história do Oscar naquele ano. Crawford, então, contatou as outras indicadas na categoria, se oferecendo para receber a estatueta caso elas não pudessem comparecer à cerimônia. Efetivamente, Anne Bancroft não pôde estar presente na premiação e acabou se sagrando vitoriosa por 'O Milagre de Anne Sullivan'. Como combinado, Crawford foi receber o Oscar no lugar de Bancroft e reza a lenda que ela fez questão de passar por Davis e dizer: “Com licença, eu tenho um Oscar para receber.” Lembra quando eu disse no início sobre os embates dentro e fora das telas? 
Gosta de suspense e ainda não viu esta pérola? Gostaria de lhe informar que você está perdendo o melhor que o gênero pode oferecer.  O filme não deixa nada a desejar para o que vemos hoje em dia, muito pelo contrário , muito do que vemos hoje com toda certeza bebe na água dessa obra obrigatória do cinema de suspense. 


'Papo de Cinemateca - Porque Cinema e Diversão é com a Gente Mesmo.'




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