PiTacO do PapO! 'Agnus Dei' - 2016
NOTA 10
O ano é mesmo das mulheres! No cinema também é a hora e a vez delas, que fazem desse meio um instrumento também de conscientização, expurgo das maldades do mundo, entre tantas outras coisas de cunho social que a sétima arte pode nos trazer. 'Agnus Dei' , destaque no Festival de Cinema de Sundance, faz transbordar um tema que já vem estado à tona há tempos, e que precisa ser realmente explorado, principalmente pelos casos recentes dessa triste realidade do estupro coletivo e que tem acontecido aqui mesmo, tão perto de nós.
A história se passa durante o fim da Segunda Guerra Mundial, na Polônia, onde a enfermeira francesa Mathilde (Lou de Laâge) descobre que as freiras moradoras de um convento vizinho foram estupradas por soldados invasores. Muitas delas estão grávidas. Apesar da ordem de prestar socorro apenas aos franceses, Mathilde começa a tratar secretamente de todas as freiras e madres. Ela deve enfrentar os julgamentos das próprias pacientes, que se sentem culpadas por terem violado o voto de castidade, e se recusam a ter o corpo tocado por quem quer que seja, mesmo uma enfermeira.
É mais assustador saber que esse longa francês magistralmente dirigido também por uma mulher, Anne Fontaine, tem contexto histórico: O filme é baseado nesse acontecimento real no fim da segunda grande guerra que interfiriu profundamente no ciclo de vida das freiras , e o que mais choca é justamente esse plus de contraste , aterrador por sinal. Como se não bastasse o estupro ser um ato terrÃvel , a história ainda combina religião. Outro ponto interessante na abordagem é a personagem de De Laâge, Mathilde é assumidamente comunista e não se interessa por Deus, não é uma ateia confessa, mas também não tem intimidade com assuntos religiosos. O respeito de Mathilde por aquela situação e a paixão por aquela 'causa' nasce pela humanidade presente nela e por também se colocar no lugar delas e claro , por também ser mulher e estar sujeita à essa brutalidade. A certa altura esse sentimento irá se intensificar, mas o porquê disso prefiro deixar em aberto por aqui. Do outro lado estão as freiras, que se vêem numa posição que não escolheram e aparentam muito mais fragilizadas que qualquer outra mulher. Afinal, ali também está uma conversão de ideologias e que por sua vez coloca também a fé em questão.
Sem lançar de recursos melodramáticas e alegorias estéticas, o roteiro segue seu curso sem buscar culpados , sem 'demonizar' o inimigo ou a guerra, nem mesmo a Madre superiora que age mal em nome da fé. Aqui está em questão o que vem depois disso tudo, como passar por uma situação tão vil e sobreviver à ela.
'Les Innocentes', (tÃtulo original que na minha opinião traduz a alma do longa) esteve em cartaz num circuito bem restrito no Brasil , mas já pode ser encontrado em plataformas on line.
Super Vale Ver !
CrÃtica por Rogério Machado
O ano é mesmo das mulheres! No cinema também é a hora e a vez delas, que fazem desse meio um instrumento também de conscientização, expurgo das maldades do mundo, entre tantas outras coisas de cunho social que a sétima arte pode nos trazer. 'Agnus Dei' , destaque no Festival de Cinema de Sundance, faz transbordar um tema que já vem estado à tona há tempos, e que precisa ser realmente explorado, principalmente pelos casos recentes dessa triste realidade do estupro coletivo e que tem acontecido aqui mesmo, tão perto de nós.
A história se passa durante o fim da Segunda Guerra Mundial, na Polônia, onde a enfermeira francesa Mathilde (Lou de Laâge) descobre que as freiras moradoras de um convento vizinho foram estupradas por soldados invasores. Muitas delas estão grávidas. Apesar da ordem de prestar socorro apenas aos franceses, Mathilde começa a tratar secretamente de todas as freiras e madres. Ela deve enfrentar os julgamentos das próprias pacientes, que se sentem culpadas por terem violado o voto de castidade, e se recusam a ter o corpo tocado por quem quer que seja, mesmo uma enfermeira.
É mais assustador saber que esse longa francês magistralmente dirigido também por uma mulher, Anne Fontaine, tem contexto histórico: O filme é baseado nesse acontecimento real no fim da segunda grande guerra que interfiriu profundamente no ciclo de vida das freiras , e o que mais choca é justamente esse plus de contraste , aterrador por sinal. Como se não bastasse o estupro ser um ato terrÃvel , a história ainda combina religião. Outro ponto interessante na abordagem é a personagem de De Laâge, Mathilde é assumidamente comunista e não se interessa por Deus, não é uma ateia confessa, mas também não tem intimidade com assuntos religiosos. O respeito de Mathilde por aquela situação e a paixão por aquela 'causa' nasce pela humanidade presente nela e por também se colocar no lugar delas e claro , por também ser mulher e estar sujeita à essa brutalidade. A certa altura esse sentimento irá se intensificar, mas o porquê disso prefiro deixar em aberto por aqui. Do outro lado estão as freiras, que se vêem numa posição que não escolheram e aparentam muito mais fragilizadas que qualquer outra mulher. Afinal, ali também está uma conversão de ideologias e que por sua vez coloca também a fé em questão.
Sem lançar de recursos melodramáticas e alegorias estéticas, o roteiro segue seu curso sem buscar culpados , sem 'demonizar' o inimigo ou a guerra, nem mesmo a Madre superiora que age mal em nome da fé. Aqui está em questão o que vem depois disso tudo, como passar por uma situação tão vil e sobreviver à ela.
'Les Innocentes', (tÃtulo original que na minha opinião traduz a alma do longa) esteve em cartaz num circuito bem restrito no Brasil , mas já pode ser encontrado em plataformas on line.
Super Vale Ver !
CrÃtica por Rogério Machado
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