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PiTacO do PapO ! 'Mãe Só Há Uma' - 2016

NOTA 9.0


Ana Muylaert tem mesmo o dom de tocar na ferida em seus dramas (seja ela qual for) de maneira objetiva , mas ao mesmo tempo impregnada de subjetividades e detalhes que raras vezes encontramos dentro do cinema nacional. Foi assim com o aclamado 'Que Horas Ela Volta' no ano passado e está sendo agora com seu mais novo filme: 'Mãe Só Há Uma' , que estreou em julho nos cinemas.



Na história , Pierre (vivido pelo estreante Naomi Nero) descobre que sua família não é biológica quando a polícia prende sua mãe. Confuso, ele vai atrás de seus parentes verdadeiros, que o conhecem como Felipe, e a nova realidade faz com que o rapaz encontre finalmente sua real identidade. Uma identidade que pode representar inclusive , seu primeiro dilema dentro da 'nova família'. 

A princípio você pode pensar - 'Mãe Só Há Uma' é sobre reencontros, não , não é bem assim. A palavra correta seria : encontro. Mas não um encontro com outro , e sim consigo mesmo. Pierre vive o auge da adolescência.  A rebeldia, a atitude ( que no caso dele se revela através da música numa banda de rock onde ele toca) , o sexo. Ele não se identifica com as convenções, como por exemplo porque todo homem deve gostar de futebol. Mas não para por aí, ainda se vê perdido com suas preferências, vontades e desejos. Não vejo Pierri como aquele que não está satisfeito com o corpo que tem, ele só não se vê dentro de padrões e rótulos.

Sim,  Muylaert discute em seu mais novo trabalho um assunto que tem sido martelado constantemente pela mídia:  a identidade de gênero. Tudo misturado a um drama ligeiramente corriqueiro mas que aqui ganha novos traços :  A cineasta que no filme anterior se instala na casa da família rica para denunciar o asco em relação à presença de uma nova força política e econômica emergente, não perde a chance de desenhar como uma caricatura a velha classe média que se apega a símbolos antigos (a Disney, o quarto individualizado, a aula de judô, a vestimenta correta, a domesticidade, enfim) como um disfarce do próprio fracasso em entender seu tempo.

O tempo daqueles jovens – que ao fim se reconhecem e se aproximam na incompreensão – é outro e exige uma nova sensibilidade. Muylaert sabe disso. E fez do filme o retrato de um tempo de laços esgarçados antes de serem atados.






Super Vale Ver ! 




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