PiTacO do PapO ! 'O Outro Lado do Paraíso' - 2016
NOTA 9.0
Em tempos que muitos pedem a volta do militarismo como forma de governo, 'O Outro Lado do Paraíso' , vem pra dizer que as coisas não são bem assim, e que nem tudo são flores como imaginamos. A 'ordem e progresso' levado à ferro e fogo pela onda dos milicos em 1964, levou muita dor à várias famílias , que foram quebradas simplesmente por pensar o contrário e lutar pelo que acreditavam. O filme que estreou em junho deste ano, está a qualquer momento pra chegar às locadoras.
Na história Eduardo Moscovis é Antônio, um pai de família simples que faz o que pode para conseguir dinheiro para o sustento do lar. Já tentou garimpo, bicos diversos, e agora pensa ter encontrado finalmente seu lugar: Brasília. Atraído pelas promessas do presidente João Goulart e pela ampla oferta de emprego, ele se muda para a capital com a esposa e os filhos. O sonho da prosperidade, no entanto, é interrompido pelo golpe militar e Antônio, envolvido com o sindicalismo, começa a viver um pesadelo.
A excelente reconstituição de época é um shoa à parte, onde é utilizado material inédito do fotógrafo francês Jean Manzon ao lado de imagens do curta documental “Brasília, Contradições de uma Cidade Nova” (1968), de Joaquim Pedro de Andrade, do qual até “pintou” um ônibus na pós-produção para integrar sua reconstituição no ambiente das imagens de arquivo.
Mas não para por aí, a produção cria uma história fictícia emocionante paralela à parte histórica do filme. Creio que a simplicidade é o 'it' de 'O Outro Lado do Paraíso': uma família que sai do interior e passa a sonhar com uma vida melhor numa cidade que prometia boas oportunidades de emprego e melhor qualidade de vida. Essa história é facilmente reconhecível, pois acontece todos os dias nas grandes capitais. Famílias inteiras vindas do interior partem para os grandes centros e se alojam nas favelas- no caso do longa , Taguatinga , que era o mais perto que os menos favorecidos podiam viver o 'sonho de Brasília'.
Apesar dos offs do jovem escrevendo cartas para a amada, nos quais Galdeano (o ator mirim estreante) não se sai tão bem quanto em cena, o intérprete mostra-se promissor. De igual maneira, mesmo que passe perto do melodrama, a direção não se prende a isto e apenas gera mais empatia pelos personagens do que no extremamente contido “Meu País" (loga anterior do diretor André Ristum). De qualquer modo, André obtém um resultado muito positivo neste filme, premiado pelo público em Gramado, na mistura do lúdico – a atuação de Du Moscovis ou a inédita e etérea canção “Ventos Irmãos”, cantada por Milton Nascimento – com suas influências neorrealistas.
O Brasil anda surpreendendo ultimamente em diversas produções, 'O Outro Lado do Paraíso', é mais uma delas.
Super Vale Ver !
Em tempos que muitos pedem a volta do militarismo como forma de governo, 'O Outro Lado do Paraíso' , vem pra dizer que as coisas não são bem assim, e que nem tudo são flores como imaginamos. A 'ordem e progresso' levado à ferro e fogo pela onda dos milicos em 1964, levou muita dor à várias famílias , que foram quebradas simplesmente por pensar o contrário e lutar pelo que acreditavam. O filme que estreou em junho deste ano, está a qualquer momento pra chegar às locadoras.
Na história Eduardo Moscovis é Antônio, um pai de família simples que faz o que pode para conseguir dinheiro para o sustento do lar. Já tentou garimpo, bicos diversos, e agora pensa ter encontrado finalmente seu lugar: Brasília. Atraído pelas promessas do presidente João Goulart e pela ampla oferta de emprego, ele se muda para a capital com a esposa e os filhos. O sonho da prosperidade, no entanto, é interrompido pelo golpe militar e Antônio, envolvido com o sindicalismo, começa a viver um pesadelo.
A excelente reconstituição de época é um shoa à parte, onde é utilizado material inédito do fotógrafo francês Jean Manzon ao lado de imagens do curta documental “Brasília, Contradições de uma Cidade Nova” (1968), de Joaquim Pedro de Andrade, do qual até “pintou” um ônibus na pós-produção para integrar sua reconstituição no ambiente das imagens de arquivo.
Mas não para por aí, a produção cria uma história fictícia emocionante paralela à parte histórica do filme. Creio que a simplicidade é o 'it' de 'O Outro Lado do Paraíso': uma família que sai do interior e passa a sonhar com uma vida melhor numa cidade que prometia boas oportunidades de emprego e melhor qualidade de vida. Essa história é facilmente reconhecível, pois acontece todos os dias nas grandes capitais. Famílias inteiras vindas do interior partem para os grandes centros e se alojam nas favelas- no caso do longa , Taguatinga , que era o mais perto que os menos favorecidos podiam viver o 'sonho de Brasília'.
Apesar dos offs do jovem escrevendo cartas para a amada, nos quais Galdeano (o ator mirim estreante) não se sai tão bem quanto em cena, o intérprete mostra-se promissor. De igual maneira, mesmo que passe perto do melodrama, a direção não se prende a isto e apenas gera mais empatia pelos personagens do que no extremamente contido “Meu País" (loga anterior do diretor André Ristum). De qualquer modo, André obtém um resultado muito positivo neste filme, premiado pelo público em Gramado, na mistura do lúdico – a atuação de Du Moscovis ou a inédita e etérea canção “Ventos Irmãos”, cantada por Milton Nascimento – com suas influências neorrealistas.
O Brasil anda surpreendendo ultimamente em diversas produções, 'O Outro Lado do Paraíso', é mais uma delas.
Super Vale Ver !
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