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Dica do Papo! 'O Nome da Rosa' - 1986

Por trás das paredes daquele mosteiro ao norte da Itália, um segredo mortal se escondia... seria o pecado,  o demônio,  ou simplesmente um rebelde com  a missão de ajudar a destituir a fé daqueles mais apegados à Deus?  Essa é a trama central de 'O Nome da Rosa',  um clássico medieval oitentão que está na nossa dica da semana.  Uma obra que marcou época. 


O ano era 1981 , e o cineasta francês Jean-Jacques Annaud  tinha a dura tarefa de adaptar para as telonas,  a obra de maior sucesso do escritor italiano Umberto Eco. 'O Nome da Rosa' é um livro complexo e repleto de detalhes, mas com todas as dificuldades implícitas, o roteiro que ficou por conta de Gérard Brach junto a Andrew Birkin, Howard Franklin, Alain Godard e também Annaud, conseguiu condensar bem a história. O próprio escritor admitiu que alguns cortes dentro da trama seriam 'pecados' necessários.  O resultado? 
O êxito de bilheterias, com US$ 70 milhões, e as excelentes críticas em todo o mundo.


A história se passa em 1327. William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincado, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Como não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.



Nos aspectos históricos segundo pesquisei , a Baixa Idade Média (século XI ao XV) foi marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorreram nesse período, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminaram com o clima do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.

Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antigüidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja.

No filme, o monge franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e racional, consegue desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro.




Enquanto discurso, o filme chama a atenção por ser atual. Nos dias de hoje, vemos três vertentes entre os religiosos: aqueles que com tamanha fé cega,atribuem tudo à Deus ou ao Diabo, aqueles que são tão céticos que acham que não somos influenciados pelo mundo espiritual em hipótese alguma, e por último, aqueles que são como nosso monge William - que atribuem à Deus o que é de Deus,  ao mal o que é do mal e ao homem o que é obra do homem. Combinar a razão e o espírito é o melhor dos mundos.  O livro e a película de Annaud provam isso debaixo de uma trama de trincar os dentes. 


O filme reflete de maneira brilhante os misteriosos crimes, acompanhados por maldições ancestrais, escritos por Eco. O sucesso das duas obras se devem à paixão do público pelo mundo medieval, que acabou contaminando legiões inteiras de apaixonados. Além disso, em mais de uma vez o mesmo escritor italiano falou mal de seu livro por ele ser o "culpado" de criar "modas" literárias e cinematográficas, como as obras de Dan Brown por exemplo.



Por outro lado, Eco nunca escondeu sua admiração à interpretação realizada por Connery e a sua aprovação a Annaud, que conseguiu criar um "espetáculo massivo" com um grande respeito filológico tanto ao assunto tratado no livro quanto nas ambientações feitas no filme.

A película foi, em outras palavras, uma super-produção européia que não voltou a se repetir e que foi dona de uma narrativa culta e inteligente, conseguindo ser compreendida por todo tipo de espectador.


Além de Connery, outros grandes atores que trabalharam no projeto foram Christian Slater, Murray Abraham, Michael Lonsdale e Kim Rossi Stuart.


Uma obra atemporal que conquista no ato.  A empatia com a obra de Eco é imediata. Ficará marcada na mente e no coração.










'Papo de Cinemateca - Porque Cinema e Diversão é com a Gente Mesmo.'


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