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PiTacO do PapO! 'A Comunidade' - 2016

NOTA 8.5


Que casal não entra em crise de vez em quando?! 
Todos não é mesmo?! 
E sempre procuram uma maneira de sair dela e melhorar o relacionamento, com uma terapia, mudança de hábitos, uma viagem, etc...

Mas o casal protagonista do filme 'A Comunidade' procura um jeito inusitado para (tentar) acabar com o tédio entre eles e salvar o casamento : viver numa comunidade chamando vários amigos para morarem juntos na mesma casa.


Erik (Ulrich Thomsen) é um professor universitário que herda a grande casa onde passou sua infância em Copenhagen, no entanto ele e sua mulher não tem como mantê-la. É aí que Anna     (Trine Dyrholm), apresentadora famosa do telejornal local, resolve unir o útil ao agradável : tentar salvar o casamento e conseguir manter a casa dividindo as despesas com os amigos/ co-moradores, solução aceita por Erik meio a contragosto.

Tem todo tipo de gente na casa: o imigrante desempregado e sofredor, o intelectual solteirão, o casal comum que tem um filho cardíaco e o amigo divorciado e meio doido.

Claro que no começo tudo é muito divertido, pois parece que estão todos de volta aos tempos de faculdade, morando numa república onde há muitas conversas, bebidas e risadas ao redor da mesa, muito companheirismo e até mergulho pelados no lago gelado.

Mas essa utopia começa a desabar quando Erik, sentindo-se carente, deslocado e cada dia mais irritado com a tal 'comunidade', começa a olhar para Emma (Helene Reingaard Neumann), sua aluna na universidade, e acaba cedendo aos seus encantos. E Anna, sabendo da traição, mais uma vez procura a solução alternativa e moderna : convidar a amante do marido pra morar na casa. Foi o que faltou prum ataque nervoso se desencadear, ela se arrepender de tudo e o declínio emocional daquela mini-sociedade começar.

O diretor Thomas Vinterberg , criador junto a Lars Von Trier do movimento Dogma 95 ( ato de resgate do cinema que prega regras visando filmes mais realistas e menos comerciais) fez um filme semi- autobiografico inspirado na sua experiência de ter vivido com a família em uma "comuna" nos anos 70 e 80, onde reinava a liberdade afetiva e política.

Através da identificação do espectador com os personagens ele levanta questões morais e quotidianas. Relacionamentos abertos dão certo?! Até que ponto o coletivo destrói o individual? É possível voltar a viver entre amigos como se fôsse no tempo de faculdade, mas já com família, vida profissional e filhos, e claro, com outra mentalidade? Idéias que na teoria parecem funcionar perfeitamente, o que já não ocorre quando colocadas em prática.

Assim como nos estupendos 'A Caça' e 'Festa de Família' ( filmes obrigatórios para qualquer cinéfilo), Vinterberg prova mais uma vez saber fazer filmes dramáticos e polêmicos, mas com muita delicadeza e doçura. 




Vale Ver ! 




Por Karina Massud 

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