PiTacO do PapO! 'A Luz Entre Oceanos' - 2016
NOTA 9.5
Determinadas obras cinematográficas nos fazem lembrar porque o cinema existe. Muito mais do que entretenimento , cinema é pra fazer pensar, emocionar e quem sabe até fazer a quem assiste uma pessoa melhor. Algumas produções tem tanto a oferecer que acredito ser um lugar escondido no meio de tantos trabalhos descartáveis , onde os deuses do cinema escolheram habitar. 'A Luz Entre Oceanos' é dessas dádivas que aparecem de tempos em tempos.
A história se passa na Austrália, logo após a Primeira Grande Guerra Mundial. Onde conheceremos Tom Sherbourne (Michael Fassbender), um veterano de guerra contratado para trabalhar em um farol, que orienta os navios exatamente na divisão entre os oceanos Pacífico e Índico. Trata-se de uma vida solitária, já que não há outras casas na ilha. Logo ao chegar Tom é apresentado a Isabel Graysmark (Alicia Vikander), com quem logo se casa. O jovem casal rapidamente tenta engravidar, mas Isabel enfrenta problemas e perde dois bebês - o que, inevitavelmente, provoca traumas. Até que, um dia, surge na ilha em que vivem um barco à deriva, contendo o corpo de um homem e um bebê. Tom deseja avisar as autoridades do ocorrido, mas é convencido por Isabel para que enterrem o falecido e passem a cuidar da criança como se fosse sua filha, já que ninguém sabia que ela tinha tido um aborto. Mesmo reticente, Tom concorda com a proposta.
A direção de Derek Cianfrance (dos competentes 'Namorados Para Sempre' -2010 e 'O Lugar Onde Tudo Termina' - 2013) trabalha os limites do drama e o suspense (suspense sim, porque não?) de uma forma sutil e sensível que fica difícil não se envolver e se questionar pelas atitudes dos personagens. O arco narrativo é eficiente ao apresentar os dois lados da história (que não vou detalhar aqui para não quebrar o encanto), sendo assim fica evidente que Cianfrance também quer colocar o espectador na 'berlinda': o que faríamos naquela situação? Existe a possibilidade de nos colocarmos no lugar deles diante de tamanha dúvida rodeada de dores e traumas.
Por falar em dores e traumas, Cianfrance, também à frente do roteiro de 'The Light Between Oceans', tem sucesso na maneira como construiu os personagens: Sherbourne carrega em si uma força incomum, mas claramente entendida , mesmo diante de momentos tão desafiadores, fruto dos horrores da guerra e as marcas que ela deixa. Mas a maior guerra ele ainda travaria, e com ele mesmo, seu caráter e as crenças que carregava consigo haveriam de ser seu maior algoz. Já Isabel , órfã , criada pelos tios, desde o início se apresenta passional e movida somente pelo coração. Essa mistura acaba dando liga em cena e o resultado é um belo trabalho de atores que Fassbender e Vikander encaram como ninguém.
O filme que é baseado num romance de 1920, da escritora M. L. Stedman fala
sobre amor, traição de princípios , segredos e mentiras. É necessário dizer que Cianfrance está à vontade numa história em que o romantismo, mais extensivo aqui, é desafiado por seu contexto e escolhas éticas mais agudas.
Por fim, ainda que com participação pontual, mas imprescindível na trama, Rachel Weisz completa a tríade com soberbas interpretações, que sustentam o interesse num filme altamente atraente e bem-feito, que navega bem no desafio de não se tornar um mero mar de lágrimas.
Super Vale Ver !
Determinadas obras cinematográficas nos fazem lembrar porque o cinema existe. Muito mais do que entretenimento , cinema é pra fazer pensar, emocionar e quem sabe até fazer a quem assiste uma pessoa melhor. Algumas produções tem tanto a oferecer que acredito ser um lugar escondido no meio de tantos trabalhos descartáveis , onde os deuses do cinema escolheram habitar. 'A Luz Entre Oceanos' é dessas dádivas que aparecem de tempos em tempos.
A história se passa na Austrália, logo após a Primeira Grande Guerra Mundial. Onde conheceremos Tom Sherbourne (Michael Fassbender), um veterano de guerra contratado para trabalhar em um farol, que orienta os navios exatamente na divisão entre os oceanos Pacífico e Índico. Trata-se de uma vida solitária, já que não há outras casas na ilha. Logo ao chegar Tom é apresentado a Isabel Graysmark (Alicia Vikander), com quem logo se casa. O jovem casal rapidamente tenta engravidar, mas Isabel enfrenta problemas e perde dois bebês - o que, inevitavelmente, provoca traumas. Até que, um dia, surge na ilha em que vivem um barco à deriva, contendo o corpo de um homem e um bebê. Tom deseja avisar as autoridades do ocorrido, mas é convencido por Isabel para que enterrem o falecido e passem a cuidar da criança como se fosse sua filha, já que ninguém sabia que ela tinha tido um aborto. Mesmo reticente, Tom concorda com a proposta.
A direção de Derek Cianfrance (dos competentes 'Namorados Para Sempre' -2010 e 'O Lugar Onde Tudo Termina' - 2013) trabalha os limites do drama e o suspense (suspense sim, porque não?) de uma forma sutil e sensível que fica difícil não se envolver e se questionar pelas atitudes dos personagens. O arco narrativo é eficiente ao apresentar os dois lados da história (que não vou detalhar aqui para não quebrar o encanto), sendo assim fica evidente que Cianfrance também quer colocar o espectador na 'berlinda': o que faríamos naquela situação? Existe a possibilidade de nos colocarmos no lugar deles diante de tamanha dúvida rodeada de dores e traumas.
Por falar em dores e traumas, Cianfrance, também à frente do roteiro de 'The Light Between Oceans', tem sucesso na maneira como construiu os personagens: Sherbourne carrega em si uma força incomum, mas claramente entendida , mesmo diante de momentos tão desafiadores, fruto dos horrores da guerra e as marcas que ela deixa. Mas a maior guerra ele ainda travaria, e com ele mesmo, seu caráter e as crenças que carregava consigo haveriam de ser seu maior algoz. Já Isabel , órfã , criada pelos tios, desde o início se apresenta passional e movida somente pelo coração. Essa mistura acaba dando liga em cena e o resultado é um belo trabalho de atores que Fassbender e Vikander encaram como ninguém.
O filme que é baseado num romance de 1920, da escritora M. L. Stedman fala
sobre amor, traição de princípios , segredos e mentiras. É necessário dizer que Cianfrance está à vontade numa história em que o romantismo, mais extensivo aqui, é desafiado por seu contexto e escolhas éticas mais agudas.
Por fim, ainda que com participação pontual, mas imprescindível na trama, Rachel Weisz completa a tríade com soberbas interpretações, que sustentam o interesse num filme altamente atraente e bem-feito, que navega bem no desafio de não se tornar um mero mar de lágrimas.
Super Vale Ver !
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