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PiTacO do PapO! 'Rainha do Deserto' - 2015

NOTA 7.0


Talvez mesmo por achar que 'Rainha do Deserto', cinebiografia de Gertrude Bell, uma arqueóloga, escritora, cartógrafa e política britânica do início do século XX, não fosse emplacar nos cinemas brasileiros, a produtora Diamond Films resolveu liberar o filme por aqui direto no Netflix. Bem, acredito mesmo ter sido uma ideia acertada: O filme , apesar de belíssimo em vários quesitos, deixa muito a desejar especialmente enquanto épico, e principalmente porque é baseado em fatos reais. 

No longa é Nicole Kidman quem vive Gertrude, que nasceu na Inglaterra, mas fez fama devido ao seu trabalho no Oriente Médio. Exploradora, ela passa também a trabalhar para o governo britânico como seu representante na região. Logo faz amizade com T.E. Lawrence (Robert Pattinson), mais conhecido como Lawrence da Arábia, que também tem presença marcante no local. Com o tempo, Gertrude acaba participando da criação dos estados da Jordânia e do Iraque. 


Mas no meio do caminho também conheceu o amor, mesmo sendo uma mulher independe e muito à frente de seu tempo, assim que chegou em Teerã , depois de muita insistência com seu pai para deixar Londres,  sua estada no local a fez conhecer um dos amores de sua vida,  o diplomata e sem 'eira nem beira' Henry Cadogan,  um personagem ficcional vivido por James Franco (volto a repetir que a zica é grande, o ator não consegue há muito tempo emplacar um personagem à altura do seu talento).  O fato é que esse romance parece ser empurrado 'guela abaixo' do espectador para gerar interesse pelo filme logo nos primeiros minutos, mas o resultado é morno e nada convincente. 

Seja na ficção (“Fitzcarraldo”, “Aguirre, a Cólera dos Deuses”), seja no documentário (“O Homem Urso”, “A Caverna dos Sonhos Esquecidos“), o alemão Werner Herzog, um dos diretores mais respeitados e celebrados já de uns tempo pra cá,  parecia ser a escolha certa para levar Gertrude Bell aos cinemas com “A Rainha do Deserto”, uma espécie de versão de saias de “Lawrence da Arábia” – ainda que Bell seja considerado por muitos estudiosos uma figura ainda mais influente que T. E. Lawrence. Isso porque o cineasta alemão sabe como poucos transformar esse contato com a natureza, bem como a cultura afastada da civilização, em verdadeiras experiências cinematográficas.


Mesmo com essa distinção, uma apuração denuncia contra Herzog: a ausência de uma obra no qual apresente uma mulher como protagonista à altura de Gertrude Bell. Por isso mesmo, é desapontador o tratamento que ele confere a essa personagem interpretada por Kidman. A destreza, o pioneirismo e as demais virtudes pelas quais Bell é conhecida, deram lugar a uma mulher que ocupa o seu tempo com lamúrias sobre relacionamentos não efetivados durante as desgastantes viagens com dromedários em meio a tempestade de areia do deserto.

Porém , para aquele bom cinéfilo,  Ã© possível se deslumbrar com os belos cenários e a fotografia intimista de Peter Zeitlinger, além claro, da sempre talentosa Nicole Kidman, que ilumina qualquer papel, mesmo com os percalços de um roteiro falho. 





Vale Ver ! 


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