PiTacO do PapO! 'O Apartamento' - 2017
NOTA 9.8
A mais nova produção iraniana lançada nos cinemas brasileiros no último dia 05 de janeiro é mais uma obra desconcertante e envolvente, que resultou numa indicação certeira ao Oscar de melhor filme estrangeiro e que corre um sério risco de levar a melhor na disputa. 'O Apartamento' , tem todos os elementos que compõe uma obra completa: narrativa crescente, roteiro redondo e desenvolvimento acima da média, principalmente em se tratando de filmes fora do nicho comercial.
Na história conheceremos Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti),que são casados e encenam a montagem da peça teatral "A Morte de um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. O susto faz com que ela se machuque seriamente e vá parar no hospital. Entretanto, é o trauma do ocorrido que afeta cada vez mais não só dua vida. como a do casal.
Enquanto o drama de Emad e Rana é narrado, a peça encenada pelo casal faz um contraponto interessante dentro da história: ambas ostentam traços sociais muito latentes. No clássico de Arthur Miller, seu protagonista Willy Loman passa por dois dramas, um social e outro familiar (olha a conexão com a história central aÃ),que o leva ao declÃnio e consequentemente ao suicÃdio. Acostumado a um mundo em que a amizade estava acima da ordem econômica, se vê
desempregado e descobre que esses valores não existem mais. A trama fica mais forte quando seu filho Biff o vê com uma amante, criando um abismo entre eles. Willy Loman vê se apagando a realização do sonho americano. O autor da obra trabalha o conflito social, e cria ao mesmo tempo, sua história sobre um conflito realista, psicológico e moral. Já na obra de Farhadim ele trabalha os traumas diários pelos quais o ser humano passa e a maneira como lidar com eles.
É claro que em 'O Apartamento' os acontecimentos são diferentes e não se misturam , mas é importante fazer esse paralelo. Porém, enquanto a atitude de Willy Loman se mostra covarde , a de Emad denota coragem, mas o conflito se intensifica à medida que a história avança, e o que outrora representava honra, aos poucos vai se transformando em sede de vingança. Mas não pense que você verá diálogos explosivos e intenções reveladas de cara ao espectador, a direção de Asghar Farhad é delicada: cria belos momentos sem sucumbir à pressa ou mesmo aos clichês.
O diretor tem um excelente retrospecto na carreira - é dele o oscarizado 'A Separação' (2010) e o também ótimo 'O Passado' (2013). Mais uma vez ele trata das relações, dos desenganos e das falhas humanas, mas em 'O Apartamento' ele se supera, criando uma trama que vai além de somente apresentar um conflito, ele nos introduz dentro dele.
Super Vale Ver !
A mais nova produção iraniana lançada nos cinemas brasileiros no último dia 05 de janeiro é mais uma obra desconcertante e envolvente, que resultou numa indicação certeira ao Oscar de melhor filme estrangeiro e que corre um sério risco de levar a melhor na disputa. 'O Apartamento' , tem todos os elementos que compõe uma obra completa: narrativa crescente, roteiro redondo e desenvolvimento acima da média, principalmente em se tratando de filmes fora do nicho comercial.
Na história conheceremos Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti),que são casados e encenam a montagem da peça teatral "A Morte de um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. O susto faz com que ela se machuque seriamente e vá parar no hospital. Entretanto, é o trauma do ocorrido que afeta cada vez mais não só dua vida. como a do casal.
desempregado e descobre que esses valores não existem mais. A trama fica mais forte quando seu filho Biff o vê com uma amante, criando um abismo entre eles. Willy Loman vê se apagando a realização do sonho americano. O autor da obra trabalha o conflito social, e cria ao mesmo tempo, sua história sobre um conflito realista, psicológico e moral. Já na obra de Farhadim ele trabalha os traumas diários pelos quais o ser humano passa e a maneira como lidar com eles.
É claro que em 'O Apartamento' os acontecimentos são diferentes e não se misturam , mas é importante fazer esse paralelo. Porém, enquanto a atitude de Willy Loman se mostra covarde , a de Emad denota coragem, mas o conflito se intensifica à medida que a história avança, e o que outrora representava honra, aos poucos vai se transformando em sede de vingança. Mas não pense que você verá diálogos explosivos e intenções reveladas de cara ao espectador, a direção de Asghar Farhad é delicada: cria belos momentos sem sucumbir à pressa ou mesmo aos clichês.
O diretor tem um excelente retrospecto na carreira - é dele o oscarizado 'A Separação' (2010) e o também ótimo 'O Passado' (2013). Mais uma vez ele trata das relações, dos desenganos e das falhas humanas, mas em 'O Apartamento' ele se supera, criando uma trama que vai além de somente apresentar um conflito, ele nos introduz dentro dele.
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