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PiTacO do PapO! 'Peles' - 2016

NOTA 9.0



Por Thayná Prado  @cinemanoporão



O primeiro longa do diretor espanhol Eduardo Casanova definitivamente não é para qualquer um.

O filme é uma espécie de spin-off, de um curta do diretor chamado “Eat My Shit”, onde a protagonista é uma garota que nasceu com o intestino invertido - uma narrativa bem grotesca com elementos surrealistas. O longa em si segue contando a história de diversos personagens que nasceram com má deformação e como eles convivem com esse fato perante a sociedade.

O diretor explora com muita veracidade o universo e a estética grotesca dos filmes do lado b, a intenção de chocar quem está assistindo é evidente, porém necessária para que haja reflexão em cima da crítica que o filme faz.

Ele retrata assuntos importantes de uma forma bela, grotesca e metafórica. Além de padrões estéticos, 'Peles' fala sobre pedofilia, auto aceitação, homossexualidade e desprezo. É preciso ter mente aberta para não só se atentar ao choque visual do longa, mas sim ao motivo do porque de nos chocamos. É perturbador pensar que somos seres tão superficiais ao ponto de imaginar ou ter conosco a ideia fixa, que os padrões estéticos impostos pela sociedade são os certos e as “peles” que não estão nesse padrão, são anormais e não tem beleza alguma para oferecer.

Admito que é um filme que me incomodou bastante, em algumas cenas precisei respirar fundo e digerir o que estava assistindo, mas ao mesmo tempo que considero 'Peles' perturbador, também o considero uma ideia brilhante.

Casanova, apesar de ser bem novo, demonstra saber muito bem o que está fazendo, e ter bebido de boas fontes para realizar o longa. Lembrei em alguns momentos de “ O Homem Elefante” (1980) do David Lynch, “A Pele que Habito” (2011) do Pedro Almodóvar e “A Montanha Sagrada" (1973) do chileno Alejandro Jodorowsky.

Ele é autêntico em todos os detalhes: o roteiro é fidedigno ao tema abordado, a direção é concisa, os atores são bem dirigidos e convencem com tocantes interpretações de como é ser diferente, como é obter uma pele fora dos padrões, como é não se aceitar e ser rejeitado. A direção de arte e de fotografia são dois elementos belíssimos e louváveis no filme. É tudo muito bem composto e arquitetado- os cinquenta tons de rosa são uma inovação artística que traz uma sensação maravilhosa.

Há muito tempo eu não assistia um filme que conseguisse me fazer embarcar em um mix de sensações como esse longa fez. Ele emociona, sensibiliza, choca, incomoda, coloca diversas questões importantes em pauta de uma forma bizarra, nada convencional e perturbadora, porém brilhante. Com toda certeza a cena final vai ficar na sua mente por bastante tempo.






Super Vale Ver ! 

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