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Dica do Papo! 'Hedwig – Rock, Amor e Traição' - 2001

Por Karina Massud   @cinemassud 




O amor não escolhe cor, sexo, forma, muito menos momento. 
A traição também não.

Hansel é um garoto gay amante de rock e mitologia grega que nasceu quando foi erguido o Muro de Berlim e cresceu na Alemanha Oriental. Ele passa as horas ouvindo a rádio americana e brincando dentro do forno, de tão pequeno que é o apartamento onde vive com a mãe amarga.



Já adolescente ele sonha em fugir para o lado Ocidental, e quando se apaixona pelo militar americano Luther Robinson encontra sua chance, mas para isso eles precisam se casar. Hansen então realiza uma cirurgia de mudança de sexo (que acaba não sendo bem sucedida, deixando-o com um pedaço de carne disforme entre as pernas) e adota o nome da mãe : Hedwig. Mas o romance não termina bem, já na América Hedwig é abandonada pelo Sargento no mesmo dia em que cai o Muro de Berlim, todo o seu sacrifício foi em vão.


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Para dar a volta por cima Hedwig (John Cameron Mitchell) começa a cantar e forma a banda “ The Angry Inch”   (em referência à polegada raivosa que sobrou depois da cirurgia desastrosa). Ela se apaixona novamente, dessa por Tommy (Michael Pitt), um moço religioso e tímido que ao descobrir sua transexualidade a abandona. Hedwig não só o amou como também criou a figura artística Tommy Gnosis -  sua voz, visual e bagagem musical, e ele a apunhalou roubando as canções que escreveram e virando um rock star, enquanto ”The Angry Inch” era a banda “mais ignorada do planeta”.

O estilo da banda é tudo junto e misturado: glam rock com pós-punk, glitter em sintonia com heavy metal. As canções (de autoria de Stephen Trask) são lindas: rock e baladas melodiosas inspiradas em ícones como Iggy Pop, Lou Reed e David Bowie. São em sua maioria autobiográficas, falam da infância de Hansel na Alemanha comunista, sua transformação, até sua disputa judicial com Tommy. A música carro-chefe é “The Origin of Love”, que Hedwig escreveu baseado no discurso do dramaturgo grego Aristófanes, segundo o qual os deuses irados dividiram os primeiros seres humanos em dois, deixando-os pelo resto da vida procurando pela outra metade.


John Cameron Mitchell, além de interpretar Hedwig, escreveu e dirigiu esse musical de primeiríssima qualidade. A cantora é uma personagem única: poderosa em suas brilhantes performances ,carismática com sua voz e histórias, engraçada, filosófica e melancólica por ter perdido sua alma gêmea. Seu visual também é sensacional, com perucas e maquiagem perfeitas pra cada cena.

“Hedwig”, que hoje já pode ser considerado um filme cult, vem de um premiado musical off-Brodway do final dos anos 90(a título de curiosidade, Hedwig foi interpretado pelos atores Neil Patrick Harris e depois por Michael C. Hall). Não espere de Hedwig um mero musical, o filme é um espetáculo divertido, ousado e profundo, puro rock and roll. A direção é concisa, o roteiro original e ágil, a trilha fantástica e o elenco primoroso.

Pra se deliciar do começo ao fim!








'Papo de Cinemateca - Porque Cinema e Diversão é com a Gente Mesmo.'

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