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Dica do Papo! 'XXY' - 2008

Outro dia buscando filmes na cinebiografia do astro argentino Ricardo Darín, me deparei com 'XXY', um longa estrelado por ele em 2008 e que na ocasião 'passou batido' por este cinéfilo que vos escreve. É claro que hoje tenho me aprofundado mais em filmes que fogem do eixo E.U.A - Europa, além de sempre buscar por temas mais densos e polêmicos, que tem algo a falar. Recados livres de julgamento ou preconceito. 



É por esse motivo, e outros mais, pelo qual a dica de hoje figura nesse campo. 
É claro que como analistas de obras cinematográficas, fica inerente o desprendimento , o pensamento livre de conceitos ou achismos. O filme dirigido pela também argentina Lucia Poenzo é um drama que provoca o público, que tem recados a dar e estigmas para quebrar. 


O cinema, desde seu surgimento, vem até seus consumidores elaborar novos imaginários, (des)legitimar estilos de vida, (des)construir identidades.  'XXY' mostra a história de  Alex (Inés Efron) , uma jovem adolescente hermafrodita, assunto que provocou o surgimento de inúmeras questões durante esta pesquisa; questões que vão desde a análise da inserção da figura feminina no cinema, dos estudos sobre gênero e sexualidade, as fronteiras entre feminilidade e masculinidade, a questão da identidade sexual, até os impactos que a jovem enfrenta, devido a sua condição biológica na sociedade.

A história trata de um romance fictício, entre Alex e um adolescente. Todo esse romance coexiste com o drama que passa a jovem com uma doença genética fazendo com que ela possua características dos dois sexos. Um médico vai visitar a família de Alex, devido ao quadro que ela se encontra e por se recusar a tomar os hormônios, estes que inibem a masculinização do seu corpo por completo. O médico leva consigo seu filho, Álvaro (Martin Piroyansky)  um jovem que logo desperta uma relação de afeto e amizade com Alex. A partir de então a protagonista passa uma jornada em busca de vivência e autoconhecimento, a fim de tomar uma decisão sobre seu corpo e tendo que assumir uma identidade, que será descoberta no final da história. 

De um lado da relação está um adolescente com o corpo masculino e de outro, temos Alex, uma adolescente que na película não é explicitamente desvendada, somente após uma leitura sobre o filme poderá ser identificado que a jovem é na verdade uma hermafrodita.


“XXY” é um filme cruel e de partir o coração sobre esse período dramático que é a transição para a maturidade. Mas também é sobre rejeição, sexualidade e escolhas. 

Alex tem pais que a amam mas é rejeitada pelos moradores locais e não está certa sobre sua sexualidade enquanto Alvaro é gay, rejeitado pelo próprio pai  e também um adolescente confuso. A trama é muito bem desenvolvida e amparada por magníficas atuações que conta com o grande Darín que vive o pai de Alex e que na verdade foi quem me trouxe até esta história.

Para além do título com código científico, o longa de Poenzo há dez anos atrás já era um manifesto sobre aceitação das diferenças e sobre a não aceitação dos rótulos - papo tão em alta sobretudo nos dias de hoje. Se aqui nessa sessão eu pudesse colocar uma nota ali na abertura do texto, com certeza seria um 'sonoro' 10,  nota 10.






'Papo de Cinemateca - Porque Cinema e Diversão é com a Gente Mesmo'


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