PiTacO do PapO! 'A Múmia' - 2017
NOTA 6.0
“Não dá pra desver”
Por Vinícius Martins @cinemarcante
Em uma cena de perseguição lá pelo meio do filme, o personagem de Tom Cruise é atacado por algumas múmias - que são mais parecidos com os zumbis de The Walking Dead do que com os monstros dos filmes anteriores - e Jenny (Annabelle Wallis) aparece em seu socorro. Em meio a fuga desesperada que segue dali, Tom (ou melhor, Nick Morton, seu personagem) pergunta para sua parceira se ela tinha visto o mesmo que ele e, como resposta, a mulher limita-se a dizer que não tem como 'desver' o que foi visto.
Tal afirmação aqui é um sortilégio pontual e, assim como uma ironia azeda, essa resposta também descreve muito da sensação que se sente após assistir a mais esse remake.
A primeira coisa que me vem na cabeça quando penso nos filmes 'A Múmia' estrelados pelo Brendan Fraser é em como erros grotescos foram colocados em tela e ninguém pareceu perceber; tais equívocos pareciam ser agregados à trama para criar sequências de “tirar o fôlego”, mas ficavam ante as margens do ridículo. A cena mais gritante que me lembro é a de introdução do terceiro ato de 'O Retorno da Múmia', onde o nascer do sol toca primeiro ao chão na base de uma imensa pirâmide ao invés de iluminar inicialmente o topo, como aconteceria na realidade com qualquer pirâmide ou montanha. Como se percebe, física nunca foi um ponto forte ou respeitável dentro dos filmes “clássicos” consagrados da sessão da tarde.
No entanto, eram filmes bons. Se naqueles filmes faltava a lógica e sobrava o carisma, a graça e até um certo senso de autocrítica dentro de seu gênero, no filme deste ano ocorre justamente o contrário. Ao tentar dar sentido e coerência (se é que 'coerência’ é uma palavra que possa ser usada em alguma descrição desses filmes), a produção de Alex Kurtzman perde oportunidades boas de cativar o público e ganhá-lo em definitivo.
O problema que se dá devido a isso é que, após três filmes da mesma linha, esperava-se o mesmo espírito nesse remake, mas não rolou. Assistir 'A Múmia' sem as piadinhas e tiradas tradicionais é o equivalente a assistir Harry Potter sem magia.
Em 2017, a múmia em questão não é um careca bocudo com escaravelhos e uma legião de soldados mortos-vivos; na verdade, é uma princesa revoltada (a exótica Sofia Boutella, de “Kingsman”) que fez um pacto com o próprio tinhoso em troca do poder que tanto ambicionava ter. O rosto do herói da vez é o de Tom Cruise, que tenta a todo custo mostrar que consegue carregar mais uma franquia nas costas - franquia essa que é bem apresentada, recheando a tela com elementos do universo de monstros que a Universal está criando sem deixar tão na cara que eles só estão ali como easter-eggs das próximas produções do estúdio.
É lamentável que o filme não consiga se estabelecer como uma reinvenção de si mesmo, e se leve a sério demais. De um todo, as únicas coisas que provavelmente serão lembradas são a belíssima e breve cena da queda do avião (onde os efeitos de gravidade zero são corajosos e convencem bastante, já que realmente miraram um avião contra o chão para fazer essa cena) e a cena em que fica evidente a capacidade de Tom Cruise de dirigir um furgão no miolo de uma densa floresta sem nem se dar ao trabalho de olhar para a frente. Tirando isso, todo o resto - até mesmo a atuação de Boutella - virará uma história tão esquecida quanto a da filha vingativa de um faraó de eras atrás.
Vale Ver, Mas Nem Tanto!
“Não dá pra desver”
Por Vinícius Martins @cinemarcante
Em uma cena de perseguição lá pelo meio do filme, o personagem de Tom Cruise é atacado por algumas múmias - que são mais parecidos com os zumbis de The Walking Dead do que com os monstros dos filmes anteriores - e Jenny (Annabelle Wallis) aparece em seu socorro. Em meio a fuga desesperada que segue dali, Tom (ou melhor, Nick Morton, seu personagem) pergunta para sua parceira se ela tinha visto o mesmo que ele e, como resposta, a mulher limita-se a dizer que não tem como 'desver' o que foi visto.
Tal afirmação aqui é um sortilégio pontual e, assim como uma ironia azeda, essa resposta também descreve muito da sensação que se sente após assistir a mais esse remake.
A primeira coisa que me vem na cabeça quando penso nos filmes 'A Múmia' estrelados pelo Brendan Fraser é em como erros grotescos foram colocados em tela e ninguém pareceu perceber; tais equívocos pareciam ser agregados à trama para criar sequências de “tirar o fôlego”, mas ficavam ante as margens do ridículo. A cena mais gritante que me lembro é a de introdução do terceiro ato de 'O Retorno da Múmia', onde o nascer do sol toca primeiro ao chão na base de uma imensa pirâmide ao invés de iluminar inicialmente o topo, como aconteceria na realidade com qualquer pirâmide ou montanha. Como se percebe, física nunca foi um ponto forte ou respeitável dentro dos filmes “clássicos” consagrados da sessão da tarde.
O problema que se dá devido a isso é que, após três filmes da mesma linha, esperava-se o mesmo espírito nesse remake, mas não rolou. Assistir 'A Múmia' sem as piadinhas e tiradas tradicionais é o equivalente a assistir Harry Potter sem magia.
Em 2017, a múmia em questão não é um careca bocudo com escaravelhos e uma legião de soldados mortos-vivos; na verdade, é uma princesa revoltada (a exótica Sofia Boutella, de “Kingsman”) que fez um pacto com o próprio tinhoso em troca do poder que tanto ambicionava ter. O rosto do herói da vez é o de Tom Cruise, que tenta a todo custo mostrar que consegue carregar mais uma franquia nas costas - franquia essa que é bem apresentada, recheando a tela com elementos do universo de monstros que a Universal está criando sem deixar tão na cara que eles só estão ali como easter-eggs das próximas produções do estúdio.
É lamentável que o filme não consiga se estabelecer como uma reinvenção de si mesmo, e se leve a sério demais. De um todo, as únicas coisas que provavelmente serão lembradas são a belíssima e breve cena da queda do avião (onde os efeitos de gravidade zero são corajosos e convencem bastante, já que realmente miraram um avião contra o chão para fazer essa cena) e a cena em que fica evidente a capacidade de Tom Cruise de dirigir um furgão no miolo de uma densa floresta sem nem se dar ao trabalho de olhar para a frente. Tirando isso, todo o resto - até mesmo a atuação de Boutella - virará uma história tão esquecida quanto a da filha vingativa de um faraó de eras atrás.
Vale Ver, Mas Nem Tanto!
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