PiTacO do PapO! 'Neve Negra' - 2017
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
O cinema argentino não para de nos fazer ainda mais apaixonados por ele.
Quase sempre as produções dos 'hermanos', além de apresentar argumentos originais e criativos, nos presenteiam com uma multi variedade narrativa sem precedentes. Seja na comédia, no drama, ou como é o caso de 'Neve Negra', um suspense, o cinema latino vai muito bem, obrigado. O longa de Martin Hodara, que estreou num circuito bem reduzido nos cinemas brasileiros no último dia oito de junho, vai pegar o espectador de surpresa.
No suspense, Ricardo DarÃn dá vida a Salvador, um homem que há trinta anos se isolou num chalé perdido entre as montanhas geladas da Patagônia; brusco e intratável, vive do que caça, e de lá não sai. Sabrina (Dolores Fonzi) está recolhida numa instituição psiquiátrica, ora entorpecida pela medicação, ora debatendo-se em surtos violentos. Cabe a Marcos (Leonardo Sbaraglia), portanto, dispor das cinzas do pai, que morreu recentemente, e tentar levar os irmãos a uma decisão sobre a venda da serraria que herdaram. Marcos vem a contragosto da Espanha para cumprir as tarefas, acompanhado da mulher, Laura (Laia Costa), jovem e grávida do primeiro filho: pelos flashbacks que se repetem e se expandem, como se fossem cenas gravadas na memória, vê-se que tudo na vida dos três irmãos retrocede a um dia da adolescência em que, numa caçada em famÃlia, o irmão caçula, Juan, foi vitimado por um terrÃvel acidente.
'Neve Negra', é daquelas produções que escondem intenções e motivações até os minutos finais, que deixa o espectador em um lugar comum, para pouco depois arrancá-lo abruptamente desse lugar e apresentá-lo a novas possibilidades. Mérito da direção do praticamente estreante, Hodara, que até então tinha atuado somente como assistente de direção em outras produções. Sem medo de que os mais afoitos percam o interesse no meio da pelÃcula, a direção pesa a mão no drama e foca no relacionamento tempestuoso entre os dois irmãos - existe algo de estranho, mas a princÃpio tudo leva pra um lado que dificilmente mudaria - difÃcil, mas não impossÃvel para uma cabeça geniosa como a de Hodara. Esse caminho, parecia arriscado, mas para o impacto causado com o desfecho, não dá pra negar que esse seria o caminho certo dentro da narrativa.
Além dos grandes nomes já citados, o filme ainda conta com outro Ãcone do cinema argentino, Frederico Luppi, e é na força deste elenco que está boa parte do interesse trazido por 'Neve Negra'. A grosso modo, o roteiro de Leonel D'Agostino, nos mostra que a 'ocasião faz o ladrão, que o ser humano guarda muitas facetas e que confiar no outro pode ser arriscado, até para alguém da própria famÃlia.
É... nem toda famÃlia é igual, há de se convir que a famÃlia apresentada por Hodara, guarda muito mais patologias e surpresas obscuras do que qualquer outra.
Super Vale Ver !
Por Rogério Machado
O cinema argentino não para de nos fazer ainda mais apaixonados por ele.
Quase sempre as produções dos 'hermanos', além de apresentar argumentos originais e criativos, nos presenteiam com uma multi variedade narrativa sem precedentes. Seja na comédia, no drama, ou como é o caso de 'Neve Negra', um suspense, o cinema latino vai muito bem, obrigado. O longa de Martin Hodara, que estreou num circuito bem reduzido nos cinemas brasileiros no último dia oito de junho, vai pegar o espectador de surpresa.
No suspense, Ricardo DarÃn dá vida a Salvador, um homem que há trinta anos se isolou num chalé perdido entre as montanhas geladas da Patagônia; brusco e intratável, vive do que caça, e de lá não sai. Sabrina (Dolores Fonzi) está recolhida numa instituição psiquiátrica, ora entorpecida pela medicação, ora debatendo-se em surtos violentos. Cabe a Marcos (Leonardo Sbaraglia), portanto, dispor das cinzas do pai, que morreu recentemente, e tentar levar os irmãos a uma decisão sobre a venda da serraria que herdaram. Marcos vem a contragosto da Espanha para cumprir as tarefas, acompanhado da mulher, Laura (Laia Costa), jovem e grávida do primeiro filho: pelos flashbacks que se repetem e se expandem, como se fossem cenas gravadas na memória, vê-se que tudo na vida dos três irmãos retrocede a um dia da adolescência em que, numa caçada em famÃlia, o irmão caçula, Juan, foi vitimado por um terrÃvel acidente.
'Neve Negra', é daquelas produções que escondem intenções e motivações até os minutos finais, que deixa o espectador em um lugar comum, para pouco depois arrancá-lo abruptamente desse lugar e apresentá-lo a novas possibilidades. Mérito da direção do praticamente estreante, Hodara, que até então tinha atuado somente como assistente de direção em outras produções. Sem medo de que os mais afoitos percam o interesse no meio da pelÃcula, a direção pesa a mão no drama e foca no relacionamento tempestuoso entre os dois irmãos - existe algo de estranho, mas a princÃpio tudo leva pra um lado que dificilmente mudaria - difÃcil, mas não impossÃvel para uma cabeça geniosa como a de Hodara. Esse caminho, parecia arriscado, mas para o impacto causado com o desfecho, não dá pra negar que esse seria o caminho certo dentro da narrativa.
Além dos grandes nomes já citados, o filme ainda conta com outro Ãcone do cinema argentino, Frederico Luppi, e é na força deste elenco que está boa parte do interesse trazido por 'Neve Negra'. A grosso modo, o roteiro de Leonel D'Agostino, nos mostra que a 'ocasião faz o ladrão, que o ser humano guarda muitas facetas e que confiar no outro pode ser arriscado, até para alguém da própria famÃlia.
É... nem toda famÃlia é igual, há de se convir que a famÃlia apresentada por Hodara, guarda muito mais patologias e surpresas obscuras do que qualquer outra.
Super Vale Ver !
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