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PiTacO do PapO! 'Hounds of Love' - 2016

NOTA 9.0


Por Rogério Machado



Amor e ódio são sentimentos que andam ali juntinhos... 
...É quando nessa mistura sem freios e posições definidas ou consolidadas, surgem as famosas psicopatias. A produção australiana 'Hounds of Love', um dos destaques no festival de Veneza em 2016,  trabalha essa doença que deteriora o ser humano e transforma esse argumento num suspense psicológico de primeira. Afirmo de cara: precisei prender a respiração por diversas vezes. 

Na trama, que se passa em meados da década de 80, conheceremos Vicki Maloney (Ashleigh Cummings) uma garota com 17 anos de idade que vive num conflito familiar em função da separação de seus pais. Numa das brigas com sua mãe, Maggie (Susie Porter) ela sai de casa para uma festa e no caminho é sequestrada em uma rua do subúrbio por Evie (Emma Booth) e John (Stephen Curry),  um casal estranho e problemático. A medida que ela observa a dinâmica entre os seus sequestradores, ela logo percebe que precisa criar uma barreira entre os dois se quiser sair daquele cativeiro e sobreviver. 


Essa poderia ser mais uma história sobre sequestro, ou um suspense psicológico como tantos outros. Mas não, 'Hounds of Love' é conceitual e visualmente incrível: logo na abertura uma linda cena em slow-motion mostrando um grupo de garotas jogando vôlei no colégio. A câmera começa estática, nos colocando na subjetividade do casal White que observa atentamente as jovens, mas depois ela movimenta-se horizontalmente numa tomada esteticamente bonita, mas assustadoramente perturbadora (mérito da agonizante trilha sonora de pegada progressiva) , pois percebemos no olhar do casal que há algo não muito correto em suas intenções, o que se concretiza posteriormente, pois trata-se de um casal que sequestra jovens colegiais.

'Hounds f Love',(algo como 'Predadores do Amor'), pra mim se encaixa bem naquela linha de filmes claustrofóbicos. O clima de tensão começa desde os primeiros minutos e se estende até seu desfecho.  Não só em função do sequestro em si, mas também pelo fato do casal de sequestradores cheio de inconstâncias emocionais, transferir para o expectador sua carga pesada de um passado obscuro que envolve muitos traumas, que não são mostrados na trama, mas que pelas entrelinhas logo pressupomos que dali nunca poderia vir coisa boa. 

Essa instabilidade emocional é que eleva o suspense a níveis inimagináveis, e juntas, essas três pontas - o sequestro, o casal psicopata e o drama da mãe à procura da filha - fazem desse thriller uma das melhores coisas que vi dentro do gênero recentemente. A direção acertada, nos brinda não só com correta reconstituição de época (que nos remete ao terror dos anos 80), mas com recursos requintados na maneira de filmar que conferem o tom cult à película. 

Infelizmente é um filme que não chegará aos cinemas ou será uma febre, mas que merece ser visto, e digo mais, reverenciado. 





Super Vale Ver ! 

  


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