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PiTacO do PapO! 'Transformers: O Último Cavalheiro' - 2017

NOTA 9.0 

O fim do mundo. De novo.

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


Existe uma obra de Shakespeare (não tão popular quanto Romeu e Julieta) no qual tenho um apreço muito grande cujo título é 'Muito Barulho Por Nada’. Sua última adaptação aos cinemas foi dirigida por Joss Whedon (de 'Vingadores’) em 2014, e hoje vejo que o título seria bem mais adequado se fosse dado ao quinto filme da franquia 'Transformers’, que é fruto da versão mais megalomaníaca do sempre explosivo diretor Michael Bay. Em essência, ‘O Último Cavaleiro’ é um grande círculo: começa num ponto (o final do quarto filme), dá uma volta enorme e para no mesmo lugar. Apesar disso, devo assumir que adorei o que assisti. O filme tem defeitos, claro - e vou apontá-los -, mas ainda assim conseguiu ser um entretenimento muito satisfatório.

Se for levado em conta apenas o espetáculo visual, a produção é perfeita. A fotografia, os efeitos, o 3D, a distribuição de som em toda a sua magnitude e também a caracterização dos robôs, são verdadeiros feitos dentro do ramo audiovisual, e merecem ser aplaudidos de pé. Já o roteiro, por outro lado, é um caso a ser estudado. A desconexão do filme tanto dentro de seu propósito quanto em relação à sua própria mitologia (apresentada e estabelecida em filmes anteriores) é absurda, e a ausência de lógica em algumas cenas chega a ser maior do que a barriga da grávida de Taubaté. Nem 'Mad Max - Estrada da Fúria’, que é de longe um dos filmes mais insanos da década, ficou isento de ter coerência em si mesmo e no universo a que pertence (e acabou sendo um dos longas mais brilhantes dos últimos anos). Se for pra resumir ‘O Último Cavaleiro’ em uma única palavra, digo que ele é a definição perfeita do seguinte termo: bagunça.


Desde os trailers ficou claro o que aconteceria, e o mistério passou a ser se Bay conseguiria encontrar um equilíbrio dentro do oceano de coisas que estava se dispondo a pôr dentro de duas horas e meia: Transformers na idade média, crianças em milícias, dinossauros mastigando viaturas, robôs sendo caçados, invasão alienígena na escala de 'Independence Day: O Ressurgimento' e um dragão cromado de três cabeças. Era de se esperar que ficasse meio bagunçado. 

Apesar disso, a expectativa era demasiadamente positiva, já que Akiva Goldsman (de 'Uma Mente Brilhante’ e 'O Código Da Vinci’) estava coordenando os roteiros e o futuro da saga dos robôs alienígenas, prometendo uma dose maior de inteligência sobre toda a testosterona que Transformers estava se tornando. O primeiro resultado dessa nova fase, conseguiu, por final, se mostrar menos vazio que o 'A Vingança dos Derrotados’ e 'A Era da Extinção’. A impressão que ficava nos filmes anteriores era que as explosões foram puro show pirotécnico para maquiar as deficiências do roteiro; víamos um Michael Bay ansioso, jogando na tela um festival de cenas gratuitas e inúteis, usando o desnecessário como ferramenta para uma jornada mais “épica” e tornando isso uma desculpa para encher o tempo do filme com bolas de fogo de todos os tipos. No entanto, agora o diretor parece ter amadurecido em sua visão sobre o timing do humor e dos coadjuvantes em tela, e a presença de Goldsman se faz visível através de piadas e alívios cômicos mais refinados do que se tem visto desde o segundo filme.

Mas nem tudo no roteiro são flores, e ele tem uma montanha de falhas no que diz respeito a construção de personagens e suas respectivas motivações. A trama parecia ser inicialmente muito boa, e os trailers souberam vender todo um conceito de conflito entre a equipe de Autobots já conhecida dos filmes anteriores, com a ideia de que o líder Optimus Prime voltou de sua jornada espacial como um cara do mal. Só que tal ideia, acaba sendo pouco explorada e sua resolução se faz quase ridícula, reprisando uma outra solução polêmica que deu o que falar em 2016. O núcleo humano também ficou meio perdido, uma vez que, por exemplo, os materiais de marketing apresentavam uma protagonista mirim que aparentemente seria a nova cara da franquia, mas ela mal aparece; e quando aparece é só pra dar trabalho pro personagem de Mark Wahlberg.

Apesar da barulheira toda não levar a lugar nenhum, a produção é linda de se ver. O IMAX 3D em especial, representa um monstruoso impacto na experiência e vale o custo do ingresso. Uma obra divertidíssima e que conseguiu até dar alguns arrepios, e que deve ser assistida sem ser levada tão a sério. Um filme episódico, como os da absurda cinessérie 'Velozes & Furiosos’, que contradiz os que vieram antes ao ponto de quase anulá-los, mas que acaba não fazendo a menor diferença justamente por ser só mais um quadro de impossível a ser superado. A bagunça vista, no fim das contas, é uma bagunça boa. O novo filme é a melhor dentre as quatro sequências da franquia, e agora parece que dará uma guinada rumo à qualidade que merece. Só resta mesmo é saber como vão consertar a sujeira que esse novo capítulo deixou pra trás - deixemos que o sexto filme responda essa questão.


Super Vale Ver ! 

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