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PiTacO do PapO! 'O Estranho que Nós Amamos' - 2017

NOTA 8.5


Sofia Coppola, uma das herdeiras do clã mais badalado da sétima arte - os Coppola, é uma das diretoras mais celebradas e influentes de sua geração. Os elogiados 'As Virgens Suicidas' (1999),  'Encontros e Desencontros' (2003) e 'Maria Antonieta' (2006) são alguns de seus apuros cinematográficos. Como de costume, sua perspicácia e delicadeza na arte de contar histórias, que não necessariamente são românticas, fazem dela uma diretora mais do que digna dos louros que recebeu pelo filme, sobretudo o da Palma de Ouro em Cannes este ano.

Baseado na obra de Thomas P. Cullinam, 'O Estranho Que Nós Amamos' se passa nos idos de 1864 e conta a história de John McBurne (Colin Farrell), um soldado ferido encontrado num bosque pela jovem Amy, que mora em um internato feminino gerenciado por Martha Farnsworth (Nicole Kidman). Lá, elas decidem cuidar dele, para que, após se recuperar, seja entregue às autoridades, mas a presença do soldado aflora desejos, ciúmes e ódio nas mulheres que habitam o local. O soldado é tratado como o bendito fruto e cada uma delas demonstra interesses e desejos pelo homem da casa, especialmente Edwina (Kirsten Dunst) e Alicia (Elle Fanning).

Muitos irão dizer que o novo longa de Sofia Coppola é acentuadamente feminista. Acho sim que o filme demonstra de forma pungente a força e a inteligência da mulher, uma vez que a narrativa é na verdade direcionada pelo olhar feminino. Mas não diria que o trabalho se resuma num filme de apelo feminista, uma vez que tudo naquele internato, a partir da presença de John, gira em torno do soldado e suas artimanhas em querer ser dono da situação e subjugar quem cai aos seus encantos sabe-se lá com que intensões.  Até as crianças, que somam quatro no filme, procuram fazer as vontades e agradar o único homem da casa. Toda a rotina da casa muda em função daquela presença.

'O Estranho que Nós Amamos' é uma refilmagem de um longa de 1971 estrelado por Clint Eastwood, que na época, claro, era um dos galãs mais badalados do cinema, e dirigido por Don Siegel, nome muito lembrado em filmes que exalavam testosterona. Na visão de Mrs Coppola, dessa vez, temos um filme com uma pegada mais adocicada, e novamente afirmando - não vejo um discurso feminista, mas na verdade vejo um filme ultra moderno, cheio de intenções escondidas e tensões super expostas, travestido com costumes de época e que traça um bom paralelo entre os sexos, e que por sua vez fomenta esse antagonismo todo visto na segunda parte da narrativa.

Pra quem não conhece o original, sugiro não assisti-lo antes dessa nova versão, para assim,  ser surpreendido mais positivamente ainda pela visão vanguardista dessa diretora que, trabalho após trabalho,  tem demonstrado fazer jus ao sobrenome que herdou. 



Vale Ver ! 




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