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PiTacO do PapO - 'Como Nossos Pais' - 2017

NOTA 9.0


Em seu quarto filme, a diretora Laís Bodanzky chega mais uma vez ao cenário do cinema nacional contando histórias sobre gente:  seu primeiro trabalho solo (Bicho de Sete Cabeças -2001) aborda a relação complicada entre um pai e um filho,  em 'Chega de Saudade'- 2007, ela fala de pessoas solitárias à procura do 'algo a mais' em salões de baile, já em 'A Melhores Coisas do Mundo' - 2010 ela aborda o universo jovem através de conflitos próprios dessa faixa etária. 

Agora é a hora e a vez de 'Como Nossos Pais'. Ganhador de seis Kikitos no Festival de Cinema de Gramado, o longa fala da relação espinhosa entre mãe e filha e dos dramas familiares que podem acontecer com qualquer seio, em qualquer classe social. 

No drama , Maria Ribeiro é Rosa, uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Filha de intelectuais dos anos 70 e mãe de duas meninas pré-adolescentes, ela se vê pressionada pelas duas gerações que exigem que ela seja engajada, moderna e onipresente, uma super-mulher sem falhas nem vontades próprias. É no meio de todo esse turbilhão que ela terá que se render à suas impotências e se reinventar em todas as áreas de sua vida. 


Muito embora o filme tenha uma mulher como protagonista e fale de questões do universo feminino, Laís Bondanzky consegue ir além e não só tratar do tal dilema da super mulher, a qual tem que ser forte o tempo inteiro e se desdobrar em várias para dar conta do recado, e acaba por ser plural, trata das relações familiares que por muitas vezes podem ser bem complexas e desafiadoras. 

'Como Nossos Pais' também fala aos homens, fala sobre pais, sobre filhos, sobre escolhas e essa procura desenfreada de algo que não sabemos bem o que é até que ela aconteça e nos aquiete. Fala da vida, do amor, do saber dar, do saber receber, fala de sexo ou a falta dele, de liberdade sexual, mas também consegue ser conservador ao mesmo tempo. 

Por tratar de temas tão caros ao ser humano, o filme conversa com o público muito naturalmente, o discurso não se faz forçado ou induzido. Não impõe métodos ou entrega receitas prontas de como lidar com os conflitos em qualquer tipo de relação, existe uma liberdade no ser e no agir de cada personagem que só nos resta viajar calmo e suave nessa tocante e forte saga de uma família que poderia ser a minha ou a sua. 

Do roteiro ao acabamento final o longa é realmente um primor, mas não seria o que ele é sem um elenco pulsante: as d.rs de Rosa com o marido (Paulinho Vilhena), os diálogos com um possível amante, Pedro (Felipe Rocha) - a conversa à beira do mar é uma delícia - e ainda, claro, os embates com a mãe, Clarice (Clarisse Abujamra), esses então se tornam a mola propulsora para as boas viradas no drama. 

Parece chover no molhado dizer isso, mas é sensato afirmar que o cinema nacional mais do que nunca está encontrando seu lugar , diversificando assuntos e abraçando todo tipo de público. Temos muito a dizer, só basta nos dar liberdade pra isso, e Laís Bondansky está aí para provar isso. 


Super Vale Ver! 


2 comentários:

  1. Já assisti seus dois primeiros filmes. Apaixonado por Chega de Saudade com a grande estrela Tônia Carrero. Pelo terceiro não me atraiu o tema. Este vou assistir com certeza!

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