PiTacO do PapO - 'Manifesto' (2017)
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
É fato que quem se manifesta, definitivamente é porque tem algo à dizer. Essa manifestação pode ser expressada de diversas formas e não necessariamente precisa agradar à todos. Em 'Manifesto' que esta na categoria Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio, a arte é o foco de toda a narrativa que ora se manifesta à favor, ora contra os movimentos artÃsticos.
Afinal de contas, o que é arte? O que todo mundo reconhece como arte para uns pode ser um insulto, para outros, se colocar contra o que é apresentado como arte significa conflito à vista - Estão aà as recentes polêmicas envolvendo a exposição do MAM que não me deixam mentir.
Em uma das sequências mais curiosas do filme dirigido por Julian Rosefeldt, uma mãe faz sua oração antes da refeição enquanto a famÃlia espera impaciente: "Eu sou por uma arte que faz algo além de sentar a bunda em um museu", diz ela. As palavras são da artista visual Claes Oldenburg e estão em um manifesto escrito em 1961. Aqui, elas são interpretadas por Cate Blanchett em um dos seus 13 papéis, todos eles baseados em declarações de mais de 50 artistas e pensadores do século XX.
Por se tratar da interpretação de manifestos algumas vezes muito antigos, e por intelectuais e pensadores de diferentes perÃodos históricos, de Karl Marx a Lars von Trier, era de se esperar que o texto fosse bastante erudito, e alguns momentos muito direcionados à quem trabalha e vive no metiê da arte. Mas é impossÃvel, até mesmo para os leigos, não notar o tom de crÃtica até para com os crÃticos de arte. Pude perceber que o filme também pleiteia por uma opinião mais pulverizada da arte e não centrada somente à uns e outros. O filme usa de ironia em diversas cenas e o alÃvio cômico se faz salutar ao tom sóbrio do projeto.
Confesso que foi a presença de Miss Blachet que me atraiu até a sessão, e minhas expectativas foram todas correspondidas quanto à isso: a atriz está fantástica e ouso dizer, depois de assistir, que não conseguiria imaginar outra vestindo personagens únicos e tão distintos - desde uma professora colegial, uma trabalhadora de fábrica, passando por uma âncora de telejornal e até um mendigo, Cate sem dúvidas encontrou em 'Manifesto' um dos grandes trabalhos de sua carreira. Senão não o melhor, o mais desafiador com toda certeza.
Exibido primeiramente como uma instalação no museu Hamburger Bahnhof, de Berlim, entre fevereiro e julho do ano passado, “Manifesto” foi lançado oficialmente no Festival de Sundance em janeiro, e está entre os destaques no festival carioca.
Vale Ver !
DIREÇÃO
Julian Rosefeldt
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Julian Rosefeldt
Produção: Julian Rosefeldt, Marcos Kantis, Martin Lehwald, Wassili Zygouris
Fotografia: Christoph Krauss
Estúdio: Bayerischer Rundfunk
Montador: Bobby Good
Distribuidora: Mares Filmes
ELENCO
Andrew Upton, Carl Dietrich, Cate Blanchett, Ea-Ja Kim, Erika Bauer, Hannelore Ohlendorf, Jimmy Trash, Marie Borkowski Foedrowitz, Marina Michael, Ottokar Sachse, Ralf Tempel, Ruby Bustamante
Por Rogério Machado
É fato que quem se manifesta, definitivamente é porque tem algo à dizer. Essa manifestação pode ser expressada de diversas formas e não necessariamente precisa agradar à todos. Em 'Manifesto' que esta na categoria Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio, a arte é o foco de toda a narrativa que ora se manifesta à favor, ora contra os movimentos artÃsticos.
Afinal de contas, o que é arte? O que todo mundo reconhece como arte para uns pode ser um insulto, para outros, se colocar contra o que é apresentado como arte significa conflito à vista - Estão aà as recentes polêmicas envolvendo a exposição do MAM que não me deixam mentir.
Em uma das sequências mais curiosas do filme dirigido por Julian Rosefeldt, uma mãe faz sua oração antes da refeição enquanto a famÃlia espera impaciente: "Eu sou por uma arte que faz algo além de sentar a bunda em um museu", diz ela. As palavras são da artista visual Claes Oldenburg e estão em um manifesto escrito em 1961. Aqui, elas são interpretadas por Cate Blanchett em um dos seus 13 papéis, todos eles baseados em declarações de mais de 50 artistas e pensadores do século XX.
Por se tratar da interpretação de manifestos algumas vezes muito antigos, e por intelectuais e pensadores de diferentes perÃodos históricos, de Karl Marx a Lars von Trier, era de se esperar que o texto fosse bastante erudito, e alguns momentos muito direcionados à quem trabalha e vive no metiê da arte. Mas é impossÃvel, até mesmo para os leigos, não notar o tom de crÃtica até para com os crÃticos de arte. Pude perceber que o filme também pleiteia por uma opinião mais pulverizada da arte e não centrada somente à uns e outros. O filme usa de ironia em diversas cenas e o alÃvio cômico se faz salutar ao tom sóbrio do projeto.
Confesso que foi a presença de Miss Blachet que me atraiu até a sessão, e minhas expectativas foram todas correspondidas quanto à isso: a atriz está fantástica e ouso dizer, depois de assistir, que não conseguiria imaginar outra vestindo personagens únicos e tão distintos - desde uma professora colegial, uma trabalhadora de fábrica, passando por uma âncora de telejornal e até um mendigo, Cate sem dúvidas encontrou em 'Manifesto' um dos grandes trabalhos de sua carreira. Senão não o melhor, o mais desafiador com toda certeza.
Exibido primeiramente como uma instalação no museu Hamburger Bahnhof, de Berlim, entre fevereiro e julho do ano passado, “Manifesto” foi lançado oficialmente no Festival de Sundance em janeiro, e está entre os destaques no festival carioca.
Vale Ver !
Julian Rosefeldt
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Julian Rosefeldt
Produção: Julian Rosefeldt, Marcos Kantis, Martin Lehwald, Wassili Zygouris
Fotografia: Christoph Krauss
Estúdio: Bayerischer Rundfunk
Montador: Bobby Good
Distribuidora: Mares Filmes
ELENCO
Andrew Upton, Carl Dietrich, Cate Blanchett, Ea-Ja Kim, Erika Bauer, Hannelore Ohlendorf, Jimmy Trash, Marie Borkowski Foedrowitz, Marina Michael, Ottokar Sachse, Ralf Tempel, Ruby Bustamante
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